Minha conta
    Tudo Acaba em Festa
    Críticas AdoroCinema
    1,5
    Ruim
    Tudo Acaba em Festa

    Clichês na pista de dança

    por Barbara Demerov

    Após dirigir filmes que falam sobre maternidade e seus desafios (Minha Mãe é Uma Peça), aventuras infantis (Detetives do Prédio Azul) e um drama focado no cenário culinário (Gosto se Discute), sempre com teor de comédia e que conversam com diferentes públicos, o diretor André Pellenz agora mergulha em um tema que possui alcance praticamente universal e que sempre acaba sendo o assunto dos funcionários: a festa de final de ano da firma.

    Apesar de terem sido produzidos praticamente na mesma época, Tudo Acaba em Festa se assemelha com o filme estadunidense A Última Ressaca do Ano, porém apenas dentro da escala do que pode acontecer neste tipo de evento corporativo. O longa de Pellenz tem como base a vida pessoal e profissional de Vlad (Marcos Veras), que quer se sobressair e ganhar a confiança dos chefes e da ex-namorada Aline (Rosanne Mulholland), ao mesmo tempo em que busca soluções das mais bizarras para obter êxito na missão que lhe foi dada: planejar uma grande festa da firma a fim de unir todo o staff da empresa de cosméticos Embelex.

    Veras, que buscou influências dentro do trabalho de Tom Hanks na década de 80 (como Splash e Quero Ser Grande), entrega um personagem um tanto caricato e que não sustenta totalmente a história devido ao seu arco se encontrar dentro de um fraco padrão, até mesmo para sátiras como esta. O roteiro tem boa parte de responsabilidade na falta de embasamento, pois em muitos momentos se segura em piadas forçadas e, sobretudo, em clichês. A personagem de Giovanna Lancellotti, a estagiária Priscilla, e também a de Mulholland apresentam bem a superficialidade do roteiro, por mais que suas interpretações possuam mais chance de cativar. No entanto, piadas como a que é feita com o cabelo de Priscilla (que só é capaz de ficar bonito liso, e não enrolado) mostram a falta de vontade dos roteiristas em sair do padrão, sem oferecer algo de novo ao gênero que não seja o que ainda é estipulado por boa parte da sociedade.

    Por possuir muitos núcleos de personagens, a grande maioria meros coadjuvantes, o filme enfraquece o elo que quer passar, tornando como protagonista a frivolidade. Se por um lado o foco é a festa em questão, tudo o que é desenvolvido no caminho que resulta nesta reunião não é muito aprofundado. A relação de Vlad com Aline voa em pequenas montagens temporais, a entrada de Priscilla torna tudo fácil demais e até mesmo as diferenças entre o baladeiro Vlad e seu inteligente irmão gêmeo não são explicadas, sendo este segundo personagem apenas inserido para ajudar o protagonista a conseguir o que quer.

    No entanto, uma das qualidades da produção é apresentar as richas entre departamentos, que, mesmo com piadas medianas, conseguem se aproximar um pouco de ambientes de trabalho de empresas. Contudo, o modo como os personagens das diferentes baias são apresentados não entregam qualquer tipo de identificação, pois são todos pautados em estereótipos (a turma do telemarketing que fala no gerúndio, os nerds do TI, a estagiária que é tratada como "burra", os funcionários do marketing que são postos como metidos...) que não convencem.

    Se em Tudo Acaba em Festa fica comprovado que a conexão interpessoal é capaz de melhorar e muito o ambiente corporativo, o filme em si, apesar de possuir grande alcance, não se conectará tanto com seu público exceto pela tentativa de expor diferentes perfis de profissionais. Ainda que feito com o intuito de conversar com comédias oitentistas e apresentar um protagonista no estilo Ferris Bueller, de Curtindo a Vida Adoidado, nenhum destes experimentos tornam a produção capaz de encontrar um tom original e próprio.

    Quer ver mais críticas?
    Back to Top