Mais que onírico, esse filme de David Lynch escancara as personalidades, psicologias, lados sombrios, sofrimentos, sublimações, mostrando em sua sempre versão desnuda, o que pode se passar por trás de cada dia-a-dia, de cada vida e o que pode estar por detrás de cada rosto.
É quase uma aula em cada filme, sobre as facetas e formas de agir pessoais- no qual você percebe o quanto um ser humano pode ser complexo de sentimentos,o que ele pode ter passado e está passando e o como ele pode responder a cada situação de vida.
O diretor, mesmo inserindo a trama de suspense que entretêm o telespectador, põe intensidade e consistência na personagem Dorothy, depois em Frank e tbem em Jeffrey. A liberdade que o diretor tem em expressar e a liberdade que ele dá a história de cada personagem produz a riqueza de seus filmes, que juntamente com o maravilhoso mundo de Lynch: de cores, imagens, sons, e música; produz, conforme a crítica principal diz, um universo sensorial (e como).
Um clássico e um dos mais antigos, neste, a trama de suspense - que não poderia faltar em seus filmes- é mais simplesmente elucidada e mais fácil ao telespectador de acompanhar, sem tantos mistérios nem quebra-cabeças (características que já se alteram a partir de Twin Peaks).
Lynch para mim, quer envolver, quer fazer pensar, quer surpreender, quer despir o ser sentimentalmente sem pudores , como se os personagens fossem como nós, talvez para nos incomodar no sentido de remexer no que deixamos mais embutidos de nossos seres, quer deixar dúvidas, insere sim a insanidade e os extremos em seus filmes e proporcionar sim, um pouco do universo onírico, louco e sensorial que ele vive: a arte feita em cinema, e ele consegue.