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cinetenisverde
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3,0
Enviada em 23 de fevereiro de 2017
É muito empolgante assistir a um documentário brasileiro com o alto teor técnico de Olhar Instigado. Ele se passa na minha cidade, São Paulo, e ela é vista sempre em um movimento fluido e uma fotografia realista e ao mesmo tempo cinematográfica (aquele filtro que não torna tudo digital, televisivo demais). A montagem do filme é uma coisa de louco, com um ritmo na edição que tornam o trabalho fácil de assistir, mesmo tendo apenas 71 minutos. Mas a sua temática vai desabando aos poucos. Utilizando valores errados desde o começo, retratando três pixadores, grafiteiros e, até certo ponto, artistas urbanos (no pior estilo Bansky) para retratar uma sociedade, este poderia ser apenas mais um trabalho esquerdaloide de plantão (ou até um esquedaloide muito bom, como em Que Horas Ela Volta?). Porém, ao utilizar como discurso a mesmice das balelas sobre opressores, oprimidos e “a sociedade” (além do blá-blá-blá ecológico), o filme acaba sendo um misto de empolgação e desânimo, já que os diretores Chico Gomes e Felipe Lion conseguem de fato observar a cidade de uma forma diferente, aplicando enquadramentos curiosos e coerentes, ao mesmo tempo que experimentando câmeras lentas e aceleradas que brincam com a noção de tempo da megalópole. E ao mesmo tempo é guiado em seu núcleo por ideias retrógradas e que não possuem nada de instigante. Um olhar instigado que produz uma mentalidade complacente, ou no máximo reflexiva de boteco.
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