Apesar de algumas personagens estereotipadas/exageradas, foi um filme que me tocou muito, sendo que isso acabou até ajudando a me identificar com eles. Houveram três pontos que me fizeram refletir sobre a forma como lidamos com problemas, como muitas vezes erramos com aqueles que amamos e que precisam de nós por não sabermos as palavras certas, as ações adequadas, como, independentemente da idade e experiência de vida, estamos sujeitos a destruir a vida do outro por ações mal calculadas. Primeiramente, spoiler: o cuidado que a madrasta tem com a Eli, ela se esforça muito pra fazer dar certo, não sabe onde está errando, tem um marido ausente que não é companheiro no cuidado da própria filha, e ela, da forma como pode, tenta suprir essa ausência e ser uma referência positiva. É uma mulher forte mas solitária, que sem querer erra por isso. O relacionamento entre a Eli e o Luke também representa algo parecido. Ele precisa de ajuda, mas tenta ser o mais forte possível porque seu amor platônico aparentemente precisa mais do que ele. Ele faz um esforço gigante para deixá-la feliz, mas acaba querendo algo em troca, mesmo que de forma inconsciente, o que explícita o impacto das nossas ações, movidas por expectativas, no alheio, que dificilmente está alinhado com a nossa visão de mundo e acaba gerando decepções em ambas as partes. E finalmente, classificada pelo crítico como “constrangedora”, a cena de Eli, a beira da morte, sendo alimentada pela mãe como um bebê tem um peso imensurável. Causas básicas de diversos problemas, a ausência de amor, contato físico e cuidado são provavelmente o mal do século. Eli é solitária, sua condição é como uma consequência disso. Percebe que os outros se preocupam, mas todos mantém a distância adequada de um rápido abraço ou palavras de força repetidas. Ela quer ficar bem pra não decepcionar ninguém, mas como todo ser humano, sente falta da preocupação demostrada, não apenas falada. Quer ser cuidada e se sentir amada como o bebê da colega de instituição, mas não tem absolutamente ninguém que o faça. A decisão drástica de sua mãe, que está mais para um “adeus”, chega a abraçar a alma de quem assiste torcendo para que alguém finalmente compreenda sua verdadeira necessidade. Sua personalidade ríspida é como um grito de socorro de alguém que só precisa de uma base. O mundo certamente seria um lugar melhor se mais pessoas perceberem o valor de um abraço verdadeiro, do cuidado altruísta e dos detalhes que fazem aqueles que amamos sentirem esse amor, sentirem-se importantes e sentirem-se acolhidos.