O filme Polícia Federal - A lei é para todos trata do início da operação lava-jato e as suas sucessivas fases que culminaram na prisão do ex-presidente Lula, e tinha tudo para ser uma obra prima pelo rico tema a ser explorado, porém a falta de criatividade na direção do filme tirou-lhe todo o brilho, levando o expectador a assistir pasmo, procurando até o último minuto do filme, um momento de emoção, que não aconteceu.
A preocupação em detalhar as fases da operação tornou o filme excessivamente didático, levando o expectador, por mais de uma vez, à cena em que o delegado se reúne com sua equipe e explica os pormenores da operação em frente a um quadro branco, cena que, se o filme tivesse um foco, não precisaria se repetir.
E não é difícil, na verdade, entender que o filme só tinha dois focos, o primeiro era a delação premiada do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, delação essa que praticamente desencadeou a queda, em efeito dominó, dos poderosos da administração pública. O fato é pouco explorado no filme e, além disso, mal feito, sendo realizado numa sucessão de cenas que, talvez, uma pessoa que não esteja devidamente ciente do que foi a operação, não entendeu essa cena, ou não lhe deu a devida importância.
O segundo foco do filme é, sem dúvida, o condução coercitiva do ex-presidente Lula, que é onde o diretor consegue criar um pouco de clímax, depois de horas de tédio. Contudo, o diálogo fraco, a falta de trilha sonora (ausente em todo o filme), e a incapacidade em criar um momento de apreensão no expectador, criar aquele drama, que faz você esquecer a pipoca por um momento, torna o fato irrelevante, não convence.
O tema tinha tudo para ser um filme, mas se tornou uma sequência de cenas frias e didáticas, talvez uma matéria jornalística, ou um twitter sobre o tema, chamasse mais a atenção, talvez o diretor seja mais capacitado para produzir uma série ou uma novela, algo que requeira mais tempo para entender, para ligar os fatos, e não uma mensagem para ser passada assim, em duas horas.