“Dean: a vida e outras piadas” é realmente um filme surpreendente. Escrito, dirigido e protagonizado pelo comediante Demetri Martin, “Dean” é uma comédia dramática e conta a história de um talentoso ilustrador que, após a morte da mãe, não consegue enxergar a vida com otimismo. Começa então a saga de Dean, para se reencontrar com o mundo.
Dean não é um cara que hoje a sociedade considera normal: tem um corte de cabelo antiquado, se veste mal, tem hábitos antiquados (como se comunicar com cartas e bilhetes), é uma espécie de nerd (se bem que não acho que o termo NERD se aplica a ele, mas não achei outra expressão melhor pra qualificá-lo). Dean entra em conflito com o pai, Robert (o grande Kevin Kine), que pretende vender a casa, onde Dean cresceu. Descobrimos que Dean tinha uma noiva, Michelle, mas a relação acabou. Dean era um ilustrador talentoso, que inclusive já havia publicado um livro, mas que se encontrava em uma crise criativa e não conseguia criar material adequado para terminar um segundo livro (só conseguia desenhar algo ligado à morte). Até que uma inesperada e libertadora viagem à Los Angeles aparece para Dean.
Dean vai à L.A. para uma entrevista, pra entrar em um projeto de uma empresa de marketing. Apesar da frustração com a proposta da empresa, Dean começa a conhecer a cidade, através de velhos amigos que encontra por lá. Em uma festa Dean conhece Nicky (Gillian Jacobs, belíssima), uma encantadora mulher. Um encontro que inicia em Dean uma forte paixão, e Dean começa a repensar a sua vida. Nicky é o gatilho que faltava para que Dean pudesse a voltar a ter uma vida normal e feliz.
Sobre os personagens, afirmo que não conhecia o Demetri Martin, que descobri que é um comediante famoso nos EUA. Sua performance é engraçada em alguns momentos, mas é contida e mostra o quão angustiado é Dean, gostei bastante dele. Kevin Kline (Robert) muito bem, como um pai amoroso, mas que também sofre com a perda da esposa. Com a classe de sempre está Mary Steenburger, como uma corretora de imóveis que entra na vida de Robert. E por ultimo Nicky (Gillian Jacobs), a personagem mais desconcertante desse longa-metragem. Amada ou odiada, Nicky também tem que lidar com seus fantasmas, mostrando-se como uma das personagens mais humanas do filme.
Tido como uma comédia, este filme, na verdade, trata de assuntos muito dolorosos, e que poderiam muito bem fazer parte da vida de qualquer um de nós. Como lidar com a perda de um ente extremamente querido? Tanto Dean quanto seu pai lidam com esta perda, de formas diferentes. Como apostar em um novo amor? O filme é muito sincero ao tratar os temas, e com uma resolução extremamente madura e plausível (afinal a vida não é como uma faz de conta). Parabéns ao Demetri Martin, que roteirizou, dirigiu e ainda por cima atuou no filme com muita propriedade.
A mensagem que fica é que sempre existe uma luz no fim do túnel, e que a vida continua, apesar de tudo.