O cinema é uma arte onde as possibilidades são infinitas. Este filme considerado pelas resenhas como um documentário, guarda, contudo outras possibilidades de interpretação, embora o documento seja o seu principal atrativo, em especial diante do drama da humanidade em constante locomoção, melhor dizendo, fuga da barbárie, da fome, da seca, do horror do terror, da guerra.
Mas "Fogo no Mar", nos reserva surpresas maravilhosas com personagens fantásticos dessa ilha de aporte de milhares e milhares de foragidos de diversas partes da África e da Ásia. Nos reserva surpreendentes personagens, que com seu jeito simples e honesto, puro, é possível dizer, mostram que o muito pouco possuem, é muito diante dos que fogem e aportam no ponto avançado da Europa sonhada pelos miseráveis dos outros continentes. E, aí, a narrativa, muito mais o documento de facetas da vida dura, porém, pacata da comunidade de Lampedusa.
O filme tem enorme sensibilidade. Humanista ao máximo, sem qualquer concessão à ideologia e o denuncismo fácil, tão comuns nesses tempos de grandes tragédias e poucas, muito poucas, histórias edificantes. Menos politização fácil e muito humanismo! Essa a grande marca desta co-produção franco -italiana.
Digno de ser assistido por muita gente. Ajuda não a entender a geopolítica, não os supostos malefícios que os países e os poderosos do chamado primeiro mundo causam aos países colonizados, periféricos, escanteados das benesses do bolo rico da economia do mundo. Não, o filme está interessado em focar o que há de muito bom no ser humano, tanto do lado dos que recebem, mesmo em condições precárias, afinal a ilha é um ponto no meio do oceano, que luta com todas as dificuldades, quanto do lado dos que chegam e ainda conseguem sobreviver à dura travessia por países e continentes.