MELANCÓLICO, POÉTICO, DRAMÁTICO E TRISTE!
Tudo isso impregna este filme português. Triste porque trata da estupidez da guerra e do colonialismo. Dramático, porque as cartas do médico tirado do convívio de sua amada esposa, enfatizam a dor da distância e da separação. POÉTICO, porque dessa tristeza toda, as cartas estão carregadas de amor, dizeres pungentes e prenhes de uma emoção contida, sensualidade e reverência para as coisas simples da vida roubadas, negadas e surrupiadas pela estupidez bélica . E, mais, as cartas reportam as tragédias dos jovens soldados e dos oficiais, que dia após dia, ano após ano de ausência da pátria portuguesa, mandados para o continente negro, para tentar guardar o absurdo expolio colonial. Nos dizeres, em momentos de profunda razão, confessam os soldados, o absurdo da guerra e a nenhuma significância daquela incursão em Angola.
A fotografia em preto e branco é absolutamente correta para o tratamento estético do filme e do drama revelado. Um filme falado e fotografado com o respeito e comprometimento àqueles que foram, aqueles que por lá sucumbiram e também para aqueles que sofreram com a intervenção e a espoliação colonialista; o povo de Angola.
Um filme para ser apreciado pela beleza das palavras e a poesia das imagens em preto e branco. E, sobretudo, pelo conteúdo de sua mensagem.