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    Rodin
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    Rodin

    Rigor excessivo

    por Rodrigo Torres

    Auguste Rodin foi um artista conhecido pelo rigor artístico, tendo sofrido em vida as consequências de sua individualidade estética: o não reconhecimento acadêmico de sua obra. Essa mesma rigidez é aspecto marcante em sua mais nova cinebiografia, seja na atuação de um dos maiores atores franceses da atualidade, Vincent Lindon, seja na condução narrativa adotada pelo cineasta Jacques Doillon.

    Rodin se inicia com um plano sequência incrível pela oficina do protagonista, o que prenuncia a obsessão do diretor e roteirista em (re)imaginar o cotidiano do lendário escultor. E assim o faz com habilidade ao compor longas cenas de maneira imersiva, ora com uma fotografia naturalista que se apropria da luz do dia, ora aplicando um alto contraste expressionista para acentuar a beleza das estátuas em argila de Rodin ou o erotismo das sequências em que o escultor se relaciona com suas musas e pupilas.

    A proposta é envolvente até o momento em que esse aparente componente se revela a base de Rodin, operada em detrimento de uma trama de fato, mais provocante. O longa se limita a explorar o artista, suas manias e seus maneirismos, o que se esgota rapidamente e se torna repetitivo. Até mesmo a caracterização de Lindon é comprometida, transitando de uma expressão cerebral do comportamento minucioso de Rodin (numa atuação repleta de fisicalidade, com o ator botando a mão na massa literalmente) para uma severidade burlesca. Por causa de Doillon, a complexidade vira caricatura.

    Outro elemento que sofre um processo de transformação e exaurimento são as belas sequências de Rodin com suas modelos. O que a princípio se manifesta de forma sexy se torna constante, aleatório, gratuito — banal como no roteiro de um pornô softcore. Curiosamente, Jacques Doillon termina Rodin com uma imagem do Monumento a Balzac sendo visitado nos dias atuais, como que mostrando o sucesso da realização minuciosa do artista justificasse a sua abordagem compulsiva, fixada no ofício do homem. Não. A opção do cineasta só explica o fato de seu filme se arrastar por duas longas horas.

    E a sensação de desperdício é tremenda. Especialmente pela falta que Camille Claudel (Izïa Higelin) faz na trama. A tragédia da amante mais notável do protagonista — que ao se afastar de seu mentor viria a se tornar uma escultora de talento até sucumbir à loucura — é tratada com um distanciamento estranho, que manifesta uma frieza incondizente com a importância de Claudel no início do filme e na história da arte. Embora compreensível, a opção por enclausurar Rodin em sua oficina definitivamente não funciona.

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