Grandes paixões em pequenas telas
por Bruno CarmeloPela fama conquistada através de filmes como Cinema Paradiso e A Lenda do Pianista do Mar, o diretor Giuseppe Tornatore tem tido carta branca para realizar todo tipo de grande produção, incluindo grandes dramas históricos como Baaria - A Porta do Vento e suspenses com atores hollywoodianos, como O Melhor Lance. Após estas produções, Amor Eterno representa um projeto mais modesto. As imagens são captadas em câmeras digitais de baixa qualidade, o roteiro possui um único conflito, com apenas dois atores em cena durante 90% da projeção.
Na trama, a estudante de astrofísica e dublê de cenas de ação Amy (Olga Kurylenko) se apaixona pelo professor casado Edward (Jeremy Irons) e se corresponde com ele ao longo de seis anos, embora os dois vivam em países diferentes. Eles trocam dezenas de e-mails, cartas e mensagens de vídeo todos os dias. Até o momento em que Amy descobre que seu grande amor morreu. Mesmo assim, as cartas continuam chegando, os e-mails também. Mas o que aconteceu? Ele realmente morreu? Quem está enviando essa correspondência?
Como se a premissa não fosse triste o suficiente, o roteiro acrescenta doenças inesperadas, segredos trágicos no passado e membros da família que não se falam mais. Mas o excesso de lágrimas não é o problema principal de Amor Eterno. O primeiro elemento prejudicial ao projeto é o tom solene dos diálogos e da direção de Tornatore. Combinando a estrutura de filmes como P.S. Eu Te Amo, Ghost - Do Outro Lado da Vida e A Corrente do Bem - todos bastante fantasiosos por si só -, a obra italiana se leva a sério, como se estivesse compartilhando uma importante lição de vida. Não há tempo para descansos, nem para uma reflexão sobre o próprio dispositivo.
Desta maneira, Olga Kurylenko e Jeremy Irons se esforçam, mas os atores não possuem material suficiente para trabalhar em cena. Ela é limitada a sucessivas cenas de choro, enquanto ele busca ser charmoso a todo instante. Os personagens não evoluem. A duração de quase duas horas soa ainda mais esticada pela repetição de elementos que não fazem andar a trama: Amy recebe mais um CD-Rom, mais uma ligação telefônica, mais um e-mail, e depois mais um CD-Rom, mais uma ligação… Talvez Tornatore quisesse relatar uma espécie de amor infinito, mas sem o uso de elipses, ele apenas cansa seu espectador.
Os excessos da direção se expandem para outros aspectos do filme. O diretor escolhe o formato widescreen, mas abusa dos close-ups que não exploram as capacidades estéticas do enquadramento. A trilha sonora onipresente de Ennio Morricone mais atrapalha do que contribui à história de amor. Mas o elemento mais incômodo é a fotografia: enquanto usa elementos clássicos como os diálogos pomposos e os amores eternos, a imagem pixelizada de baixa qualidade - mesmo fora das conversas por Skype - não funciona num filme em constante busca de grandiosidade e transcendência.
Talvez os fãs fervorosos dos melodramas se empolguem com esta história. Para os outros, fica a decepção de ver Tornatore com a mão cada vez mais pesada. Amor Eterno é uma produção perdida entre tons, escalas e ambições cinematográficas incompatíveis entre si.