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    É Fada
    Críticas AdoroCinema
    2,0
    Fraco
    É Fada

    Sem fantasia

    por Lucas Salgado

    Fenômeno na internet brasileira, Kéfera Buchmann chega agora aos cinemas nacionais com É Fada, comédia inspirada no livro "Uma Fada Veio me Visitar", de Thalita Rebouças. Neste sentido, é importante não pré-julgar a produção com base no que você pensa da youtuber ou deste novo universo de influenciadores. Para o bem ou para o mal, não está em julgamento a atuação de personalidade em seu dia a dia, mas sim a qualidade narrativa do longa como obra cinematográfica.

    E neste sentido, É Fada falha de forma incontestável. A tentativa de buscar este público jovem, mas acostumado com a linguagem rápida e quase sem filtros do YouTube/Snapchat é evidente, mas é prejudicada por uma história rasa, sem conflitos e má desenvolvida. 

    Luna (Klara Castanho) é uma adolescente que foi criada pelo pai (Silvio Guindane) e que acaba de trocar de colégio. Ela tem dificuldades em lidar com os novos colegas e com a rotina "Meninas Malvadas" que encontra no local. Um dia, recebe a visita de uma fada madrinha (Kéfera), que passará a ajudá-la no dia a dia da escola. 

    A fada bola um plano perfeito para Luna adquirir uma fama maior no colégio: sofre um extreme makeover. Ou seja, para obter sucesso, a garota deve mudar toda sua personalidade e agir como todas as outras pessoas do local. Deve tratar mal as pessoas mais simples e ignorar completamente o pai que sempre apoiou. Bela mensagem, não?

    É verdade que o filme oferece, é claro, seu momento redenção, em que a jovem diz com todas as letras que todos devem ser do jeito que são. Tal momento, no entanto, é rápido e menos marcante do que todas as inúmeras cenas em que o roteiro basicamente diz: seja o mais superficial possível.

    Sempre que produções do tipo chegam aos cinemas, o público-alvo é usado meio que como desculpa para a (má) qualidade do acabamento final. Mas isso não deve acontecer. Ser voltado para adolescentes não significa que os efeitos visuais devem ser mal feitos, que a montagem deve ser má desenvolvida ou que o roteiro precise inserir mais de uma cena da fada tirando a varinha de suas partes íntimas. Não foi engraçado da primeira vez, não vai ser na segunda ou na terceira.

    Diretora de Sem ControleS.O.S. - Mulheres ao Mar, Cris D'Amato realiza seu trabalho mais irregular, mesmo com produção e argumento do veterano Daniel Filho. A dupla trabalhou lado a lado no sensível e bem desenvolvido Confissões de Adolescente, que também trata do mesmo público-alvo e de personagens na mesma faixa de idade. Ali, eles perceberam que os conflitos internos na vida de uma adolescente são o suficiente para render uma boa história. Em É Fada, eles acham necessário a inserção de um conflito maior, externo. A necessidade de se construir uma vilã, no final da história, é deslocada e rende um momento vazio e rapidamente solucionado.

    Dentre os poucos pontos positivos destacam-se a trilha sonora e o elenco. Sim, os atores não comprometem e mesmo Kéfera mostra uma boa presença em cena. Eles só mereciam uma trama melhor e mais original. Ao final, um número musical desnecessário, um péssimo momento "Pequena Miss Sunshine" e um longa que não funciona como comédia ou como fantasia.

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