No longínquo ano 2000 foi lançado pela Fox Film o primeiro longa metragem da equipe de mutantes da Marvel Comics. E 19 anos depois, com 12 filmes lançados, X-Men: Fênix Negra chega aos cinemas para encerrar a tão controversa e amada saga com um filme que consegue recontar uma história já vista dentro desse universo, mas com o discurso que os X-Men tanto discutem em suas melhores histórias em quadrinhos.
Cena X-Men Fênix Negra
X-Men: Fênix Negra se passa em 1992, dez anos após os acontecimentos de X-Men Apocalipse, com a nova equipe de Charles Xavier sendo considerada heróis de uma geração com direito até a um telefonema do presidente pedindo ajuda. Isso muda muito a maneira como os personagens se enxergam dentro da trama, enquanto os novos alunos são celebridades e amados, os mais antigos sabem de sua responsabilidade e ainda não esqueceram como foram tratados no passado. Ao mesmo tempo temos um Xavier com seu ego inflado e achando que realmente é o dono da verdade.
Apenas isso já faz com o filme se distancie muito dos demais, além é claro, de trazer a tona logo nas primeiras cenas a grande discussão que é gerada em torno do mundo mutante e o quão diferente eles são para aquele universo. Essa discussão é elevada e ganha uma proporção maior quando Jean é vista como “diferente” dentro do grupo, que sempre foi denominado dessa maneira, e que acaba agindo no início da mesma maneira que os humanos agiram contra os mutantes.
Cena X-Men Fênix Negra
Fênix Negra consegue trazer essa discussão a tona enquanto se preocupa em manter o foco nos personagens, principalmente na protagonista, que é interpretada de maneira magistral por Sophie Turner, que vem se mostrando uma grande atriz ao longo dos anos. O diretor e roteirista Simon Kinberg conseguiu trazer para a tela o que os fãs adoram nas HQs dos X-Men, que não são as grandes batalhas, mas sim, os diálogos e as ações dos personagens baseadas no que está sendo discutido naquele momento.
No caso de Fênix Negra os mentores Xavier e Magneto se mostram confusos enquanto enfrentam o problema que aflige Jean. A menina é uma mutante, mas uma mutante diferente do que tudo o que já viram, e isso gera um conflito entre eles, não apenas o que já conhecemos mas também com os dois sem saber o que fazer e isso faz com que a trama cresça.
Tudo isso está implícito e acontece algumas vezes em alguns diálogos e ações, não espere uma alto explicação ou cenas de combate grandiosos, mesmo porque as histórias dos X-Men nunca foram baseadas em lutas épicas e grandiosas. Eram baseadas nas discussões e nos pontos de vista de cada personagem, principalmente nos embates filosóficos entre Xavier e Magneto. Neste filme além dos dois velhos amigos ainda temos o ponto de vista da própria Jean, que é uma personagem feminina forte e decidida que acaba descobrindo seu valor sozinha.
O final do terceiro ato é o único ponto que desagrada, quando o filme se torna um “filme de herói” com a batalha épica, que poderia não ter acontecido e que transformaria o longa em um “Logan” ou algo parecido.
X-Men: Fênix Negra vale o ingresso e vale muito ser visto com os olhos daqueles que sempre se preocuparam em conversar e falar sobre diferenças e minorias, peço apenas que não esperem batalhas espaciais e lutas coreografadas, já que o filme é mais “pé no chão” e muito mais sombrio do que os outros filmes da equipe.