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    Dora e a Cidade Perdida
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    Dora e a Cidade Perdida

    Diversão genérica

    por Barbara Demerov

    Interpretada por Isabella Merced, a Dora em versão live-action é corajosa, inteligente e esbanja uma energia cativante - e é exatamente por tais qualidades que Dora e a Cidade Perdida não perde a capacidade de divertir na maioria do tempo, mesmo claramente tendo sido produzido para o mesmo público infantil já familiarizado com o programa televisivo da Nickelodeon. Talvez por ser tão focado neste público que o filme de James Bobin tenha a imersão afetada em algumas cenas ou piadas, mas a história é bem centralizada no senso de crescimento e liberdade de Dora, o que cativa sem grandes dificuldades.

    A narrativa se inicia com a protagonista ainda criança, enquanto vivia na floresta peruana com seus pais protetores Cole e Elena (Michael Peña e Eva Longoria) sem a intervenção do "mundo real" com escolas, provas e pessoas com vidas completamente diferentes. O início é apressado e serve apenas para introduzir a relação de Dora com seu primo Diego (Malachi Barton) - bem como a atuação dos pais como exploradores, com uma casa cheia de mapas e objetos históricos -, mas exibe as características que nunca abandonam a personagem, como a curiosidade e a paixão por conhecer espécies de animais e lugares secretos.

    Quando o filme passa a ser narrado nos dias atuais, com Dora já aos 16 anos, seus pais finalmente descobrem a localização de uma cidade Inca chamada Paratapa, praticamente um personagem da trama. O principal sonho da jovem é o de se tornar apta para explorar com sucesso um local como este, seja com seus pais ou sozinha; mas seus planos são interrompidos quando Cole e Elena a enviam para Los Angeles numa tentativa de Dora resgatar o contato com o primo Diego e finalmente aprender como é a vida numa selva diferente: a cidade grande. Fora quando a história entra em Paratapa, os melhores momentos de Dora e a Cidade Perdida se encontram na pureza e ingenuidade de Dora tendo de lidar com os adolescentes da nova escola, sem que a rejeição de boa parte dos alunos façam com que ela mude seu comportamento.

    Quando na escola americana, o longa aborda reflexões sobre a importância de ser você mesmo em meio a pessoas tão diferentes e também a de nunca esquecer suas raízes. É claro que tudo é trabalhado de forma leve e até aprazível para que o público infantojuvenil seja capaz de entender o recado e, ainda assim, se entreter. Mas boa parte do entretenimento se origina de Merced, que capta tão bem a essência da personagem que é quase impossível separá-la de Dora. Inclusive, quando ela toma as rédeas da missão para encontrar seus pais (sequestrados por pessoas que querem roubar artefatos) e Paratapa, ela se transforma numa espécie de Lara Croft-mirim, e os momentos de adivinhação e pistas são as passagens mais interessantes - até esteticamente falando. O roteiro também aproveita para inserir cenas em que a protagonista informa o público olhando para a câmera (assim como é na TV) e uma que conversa diretamente com a animação.

    Porém, por se tratar de uma história infantil, há todos os tipos de clichês em Dora e a Cidade Perdida: personagens maus que se fazem de bonzinhos, a rival da escola que se torna uma amiga e o grande problema do enredo sendo solucionado pela protagonista graças à experiência adquirida ao longo da viagem. Há piadas que o público de idade mais avançada certamente não verá graça alguma (como uma relacionada a cocô...), assim como há twists narrativos feitos puramente para preencher espaços que poderiam possuir mais diálogos ou maior interação de Dora com os pais, por exemplo. Todos os elementos necessários para que a história possa funcionar enquanto entretenimento estão presentes, mas ainda assim distantes o suficiente para tornar tudo um tanto artificial, sem as emoções que chegam a dar um vislumbre de talvez aparecerem por mais tempo, mas que acabam sumindo em prol do tom recreativo.

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