O polemico, aflito, tenso e brilhante, “Mother” novo filme de Darren Aronofsky é um show, tanto técnico, quando de roteiro, lotado de metáforas bíblicas e da natureza humana, temos tensão e angustia, amor e ódio, repulsa e sedução, o filme a onde o péssimo e o perfeito andam de mãos dadas, um experiência cinematográfica para alguns, ou um filme de suspense mal feito e sem sentido para outros, extremamente criticado pela critica especializada e pelo publico geral, “Mother” é um dos melhores filmes do ano, mas não é para todos os públicos. Alguns diretores abusam de historias bobas e superficiais, outros fazem filmes complexos e cheio de metáforas demais, Darren faz ambos, ele conta uma historia para gente, uma historia comum, sem nada de excepcional, mas o subcontexto e as metáforas, contam outras historias, outros filmes, como o seu ótimo “Cisne Negro” filme que pode ser visto 3 vezes seguidas, que você verá 3 historias diferentes, e só quem já conhece esse background do diretor, poderia ter certeza e não apenas suspeitas, que seu longa, é uma metáfora pra natureza humana apoiada em passagens bíblicas, ou seja, seu roteiro, é ótimo, eu não diria perfeito, pois, para aquele publico que prefere ficar na superfície do longa, vai terminar o filme sem entender completamente o longa, apenas o telespectador mais vil vai terminar com um sorriso no rosto, além do coração disparado e unhas comidas, portando, o roteiro que conta a historia de um casal atormentado por visitas estranhas, foge do escopo palatável, e parte pro absurdo, mas mesmo assim, Darren consegue deixar o telespectador extremamente agoniado e tenso, diferente de “Requien para um Sonho” a onde ele faz o telespectador virar o rosto de angustia sem nem precisar derrubar uma gota de sangue, aqui não, aqui a violência existe, ela não é completamente explicita, mas mesmo assim, parece que choca mais e mais, por ser uma violência covarde e que causa reflexão em quem esta vidrado no filme. Javier é deus buscando a perfeição, Jeniffer é a própria casa, que é no caso é a terra, ou seja, ela é natureza, natureza que está a todo tempo tentando concertar os males humanos, igreja, politica, nascimento, tudo isso é abordado no filme, até mesmo a globalização e mistificação do mundo é abordado em 2 cenas de 20 segundos, passando por genesis, e o apocalipse, “Mother” é uma grande releitura da bíblia, não preciso nem dizer que o primeiro casal de intrusos é Adão e Eva, e depois, Cain e Abel, e por fim, a mistificação e os seres humanos, entender o caos da bíblia, e da própria natureza aplicada a apenas uma casa, é uma metáfora grandiosa e perfeita, um filme que me lembra o “Anticristo” de Lars Von Trier, por seu perfeccionismo em recontar e causar reflexão de maneira diferente, polemico e arrebatador, “Mother” é um filme visceral. Tal como “Corra” conseguiu fazer esse ano, “Mother” também nos prende na cadeira, o filme tinha absolutamente tudo para ter um ritmo lento e cansativo, mas Darren emenda um arco narrativo no outro sem espaço algum, não conseguimos tempo nem pra ver as horas no relógio, além do ótimo ritmo, que é mais mérito do roteiro do que da montagem, outros aspectos que merecem palmas, não só palmas, mas indicação ao óscar, são, primeiramente, a ótima direção de arte do filme, que alinhada a uma fotografia que oprime ao mesmo tempo que contrasta com o claro e com os bons efeitos visuais, o outro aspecto que solta ao olhos, ou melhor, aos ouvidos, é a espetacular edição e mixagem de som. essa é a que mais oprime o telespectador, pois muitas vezes ela é desalinhada e muito aguda, ela incomoda, o barulho de tudo é muito ressaltado, lembrando muitas vezes o ótimo filme "Repulsa ao Sexo", ao sair da sala de cinema e dar de cara com a multidão do shopping, você vai se sentir mal, e vai perceber e notar detalhes nas pessoas que antes passavam desapercebidos, acho que as categorias de som do óscar esse ano já tem donos (Baby Driver e Dunkirk), mas vale muito a indicão. Javier Barden e Ed Harris estão otimos, mas o filme é da Jennifer Lawrence, eu nunca fui um grande fã da atriz, e até acho que ela não mereceu o oscar nem sua ultima indicação, mas aqui, aqui ela está sensacional, rouba o filme por completo, ela é a "Mae", a natureza, o mundo, é uma personagem grandiosa mesmo dentro de sua ingenuidade e ignorância, e Jeniffer está completamente entregue ao papel e faz uma ótima atuação. Darren Aronofsky é pra mim o melhor diretor da nova geração, e esse filme, apenas reforça meu pensamento. O longa foi ovacionado e vaiado ao mesmo tempo durante sua premiere no Festival de Veneza de 2017, e isso diz muito sobre o filme, ame ou odeie, para mim, "Mother" é um filme espetacular.