“A favorita” Novo filme do diretor Yorgos Lathinos é seu longa menos autoral, perdemos um pouco do roteiro tenso com logica entorpecida e as atuações teatrais mas ganhamos algo mais maduro e centrado, sem perder sua clássica trilha sonora e uso sublime de câmeras. E isso apenas prova que Yorgos é um grande diretor, pois mesmo fugindo da sua zona de conforto, “A favorita” impressiona por questões técnicas e artísticas e se consolida como um dos melhores filmes de 2018, na minha opinião.
“A favorita” consegue ser um filme de empoderamento sem ser forçado, de romance sem ser chato, de suspense sem ser monótono e de comedia sem ser entediante, uma mescla de gêneros roteirizada por Deborah Dean e Tony McNamara que funciona perfeitamente nas mãos do talentoso diretor grego. Não temos uma moral elevada ou um grande dilema, temos apenas a historia de duas mulheres que cercam a rainha da Inglaterra visando poder ou conforto.
As duas mulheres em questão são interpretadas por Emma Stone, Rachel Weisz somados a rainha Olivia Colman e James Smith formam um dos melhores quartetos de atuações que eu já vi em um filme. Emma Stone, após ganhar o óscar está leve e solta, e mostra toda sua capacidade artística interpretando múltiplas facetas e sentimentos fazendo uma personagem cativante e dissimulada, Rachel Weisz faz uma personagem madura, fria, sua atuação assusta e impressiona pela violência intrínseca, e chama mais atenção se puxarmos o histórico de Rachel com personagens que normalmente são “Bobinhos”. Olivia Colman interpreta a personagem mais quebrado de todoa, uma mulher com problemas sociais e de saúde, com um grande poder na mão mas inteligência torpe, uma atuação primorosa que exige uma entrega artística e física, e por fim, James Smith, o mais discreto de todos, mas seu personagem é fundamental para arquitetar as tramas entre o trio, além de uma atuação convincente, engraçada e astuta.
Yorgos usa suas câmeras, ele gosta, muitos contra plongee, olhos de peixes, planos médio e fechados, com muita iluminação natural e uma composição de cena simplesmente perfeita, somados a um ótimo figurino, cabelo e maquiagem temos uma direção de arte que beira a perfeição e muito semelhante a perfeita direção de arte de “Barry lyndon”, mas que reforço, fica melhor ainda graças aos enquadramentos do diretor. Algo que fica da assinatura clássica de Yorgos é sua trilha sonora incidental que combina com o filme.
A divisão do filme em mini capítulos não é uma boa escolha, faz o ritmo do longa pesar muito, é como se estendesse as duas horas, e que no sentido pratico, não faz diferença, pois os atos do longa são bem definidos. “A favorita” é um ótimo filme, com o quesito técnico e artístico muito aprimorado, que coloca Yorgos Lanthimos na grande vitrine de Hollywood.