Depois de tantas comédias brasileiras ruins, todas com aquele estilo Zorra Total de ser, e com Ingrid Guimarães ou o Hassoum, finalmente algo bom no reino do estilo escrachado de um verdadeiro filme brasileiro, que mostra ao que veio.
Um assunto policial que marcou o Brasil no final de 83, o roubo da Taça Jules Rimet, que por si só já causou espanto pelo inusitado, pois a réplica estava guardada e a verdadeira em exposição, na sede da CBF, no Centro do Rio.
O caso já foi tema de muitos programas televisivos, mas aqui com um roteiro maroto, e um malandro bem no estilo Hugo Carvana ainda mais ensaboado e escrachado, um tal de Portela, que leva uma vida bagunçada, entre vender seguros e perder dinheiro em jogatinas, ele resolve dar o golpe definitivo. O tal roubo da Taça.
O filme tem uma ótima reconstituição de época, com tudo certinho, e personagens obtusos e que fazem a fauna da pilantragem carioca, entre cervejas e pequenos delitos, mas tudo bem sintonizado, com um elenco encaixado, com destaque para o Portela, que bola e executa o roubo, vivido por Paulo Tiefenthaler, uma revelação, e a marota dona de casa esbanjando charme e gaiatice sedutora, em papel de Tais Araújo.
Realmente uma surpresa esta ótima comédia que resgata alguns personagens que parecem sair daqueles filmes que Hugo Carvana gostava de mostrar, como em VAI TRABALHAR VAGABUNDO, com muita malandragem e burrice, onde eram devorados pela própria esperteza e ingenuidade..
Como eram bons os anos 80, a década perdida, onde até a Taça Jules Rimet a nação perdeu para um bando de desmiolados e que um argentino derreteu.