KARDEC: a história por trás do nome
Kardec: a história por trás do nome, foi lançado nos cinemas, em todo o Brasil, no último dia 16, quinta-feira. O filme conta o drama e a luta de um homem cético que “desdenhava da febre” do momento: invocações de espíritos por toda Paris, resultando na fenomenologia das mesas girantes.
Rivail, logo se deu conta de sua missão: a de trazer à luz do conhecimento espiritual a revelação da Doutrina dos Espíritos, a qual tem como princípios básicos: Deus, a imortalidade da alma, a reencarnação, a comunicabilidade dos espíritos, os diversos mundos habitados, o Evangelho de Jesus em consonância com as máximas morais e a relação do homem encarnado com os desencarnados, e sua relação com o mundo corporal. Além de analisar a existência do mundo real primitivo, onde todos fomos criados, ou mundo dos espíritos, ou ainda, mundo espírita.
O filme mostra a trajetória do cientista e pedagogo Hippolyte Léon Denizard Rivail, Allan Kardec, interpretado pelo ator Leonardo Medeiros, que em entrevista à Folha declara-se sobrinho neto de Eurípedes Basanulfo (médium mineiro). O elenco conta ainda com a presença de Sandra Corveloni, prêmio em Cannes, melhor atriz em Linha de Passe, 2008, trazendo relevância para o papel da esposa de Kardec.
Kardec desejava que suas obras fossem lidas, não por ser de autoria de um homem das Letras e da Ciência, mas pela relevância de seu conteúdo. Como educador, cientista e autor de diversos livros e traduções da época, sabia que, se mantivesse seu nome original, certamente venderia muito, seria cômodo inclusive. Para Rivail, o conteúdo, filosófico – científico era mais importante que seu próprio nome. Este é o motivo de adotar o nome de uma encarnação pregressa, Allan Kardec.
Foram 15 anos de muito trabalho, tudo escrito a mão; em um tempo que não havia luz elétrica. Entregou-se completamente a cumprir sua missão dada pelos Espíritos Superiores trabalhando incansavelmente. Tudo isso só foi possível graças à sua persistência e coragem. Foram muitas as incompreensões e perseguições. A esposa Amélie Gabrielle Boudet foi a grande incentivadora nas horas difíceis.
Baseado no livro do jornalista Marcel Souto Maior, Wagner de Assis, diretor do filme, conseguiu ilustrar a época com fotografia, figurino, direção de arte. Toda ambientação nos remetia à histórica Paris de 1800. Uma verdadeira viagem no tempo. A igreja de Notre-Dame aparece inúmeras vezes no filme. Todas as filmagens foram realizadas antes do incêndio, ocorrido no último 15 de abril. O filme tem tudo para estar na lista dos melhores da Academia Brasileira de Cinema, e até mesmo concorrer a prêmios nacionais e internacionais.
Conforme toda obra realizada por homens, sempre haverá algum quesito em que este ou aquele apontará como imperfeito, como em desacordo. Mas, sem entrarmos no mérito da questão, haja vista que somos falíveis e imperfeitos, digo apenas que o mais importante foi mostrar as lutas e as dificuldades de Kardec no século XIX para a conclusão de seu trabalho.
Segundo o Portal Veja, 253 mil pessoas em todo o Brasil foram aos cinemas para assistir ao filme no último fim de semana, o qual arrecadou 4,4 milhões de reais. Fica o convite para quem ainda não foi assistir a ele, conhecer a história de um homem que trouxe a doutrina dos espíritos superiores à humanidade. O filme, biográfico, concede a oportunidade de arrancarmos os pré-conceitos que não mais deveriam fazer parte de nós, em pleno século XXI.
Ismênia Nunes - Jornalista
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