Agoniante, claustrofóbico, opressor, arrebatador e sonoro, esses são os verbos que podemos utilizar para compor com tags o novo filme de Nolan, que dessa vez se destaca pela técnica e não pelo roteiro , “dunkirk” é um filme que convida o telespectador a sentar na poltrona e o sodomiza no melhor sentido da palavra, pois você sofre, se afoga e combate junto com os personagens, “dunkirk” é um filme de sobrevivência, mal temos luta corpo a corpo ou troca de tiros, ou mesmo diálogos, o que nos temos aqui é o mais puro instinto de sobrevivência alienado a uma ambientação e uma mixagem e edição de som maravilhosos. Temos um roteiro que é caracterizado por três núcleos que se unem em torno de um objetivo, resgatar e auxiliar os soldados franceses e ingleses presos na praia de Dunkirk, o roteiro contem poucos diálogos e pouca construção de personagem, e deixa o telespectador mais distraído completamente perdido, mas quem prestar atenção, ira se maravilhar pela narrativa quase orquestral que Nolan constrói. O roteiro conta a historia de resgate dos soldados britânicos e franceses seguindo por três pontos, pelo mar, a onde conta a historia de um civil que disponibiliza seu barco para ajudar no resgate, de forma área, a onde conta a historia de três pilotos responsáveis para dar proteção aérea aos soldados presos na praia, e por terra, a onde mostra a angustia dos jovens soldados lutando para sobreviver. “Dunkirk” não ameniza, e faz o telespectador sentir o horror da guerra em sua mais forte plenitude, não temos lição de moral ou uma mensagem a transmitir, temos apenas o horror e desespero. Raríssimas vezes um filme se destaca por sua mixagem e edição de som, mas Dunkirk é um filme que grita “ME ASSISTA NUM CINEMA, E DE PREFERENCIA, NO IMAX” pois sua qualidade sonora é algo inexplicável, extremamente apavorante, de dar pulos na cadeira e roer as unhas, de se abaixar junto com os soldados e segurar a respiração para não se afogar, alinhado a isso temos uma trilha estonteante, temos uma trilha que chama a atenção e esta sempre presente, e uma mais fugaz que dita o ritmo do filme, temos um “TIC, TIC, TIC, TIC” o tempo inteiro, esse som, é nossos batimentos cardíacos, que se aperta e se afrouxa conforme a tensão da cena, isso é maravilhoso e de uma grande inteligência, pois acabamos se alienando a esse som e ele dita não apenas o filme como a nossa angustia, foi uma jogada de mestre a introdução desse simples elemento que pode passar desapercebido por muitos, também temos que citar a ótima montagem do filme, que aliena os três núcleos com perfeição, a fotografia azulada que nos mostra um clima extremamente tropical e lindo, contraponto o terror mostrado em cena, e por ultimo, mas não menos importante, a direção de arte, que cumpre o seu papel com maestria, mostrando todos os detalhes, roupas, acessórios, barcos, aviões, é lindo de se ver. Nolan tem um orçamento gigante para os seus filmes, e poderia trazer praticamente os atores que quisesse, pois fora o dinheiro, ainda tem nome, mas não, não temos nemhum ator no filme para se colocar no cartaz gigante, nosso maior nome aqui é Mark Rylance, ganhador de um oscar de melhor ator coadjuvante, e claro, Fionn Whitehead, mais conhecido por sua banda do que como ator, mesmo assim, todos os atores estão bem no filme e cumprem seus pais, e isso passa ainda mais uma ideia de como a guerra foi feita por anônimos em meio a multidão. Nolan é um dos nomes mais discutido dos últimos anos na indústria, uns o amam, outros o odeiam, eu particularmente acho que ele é supervalorizado demais, mas gosto de todos os filmes dele, em especialmente “Dunkirk”, ele sabe ser comercial e ao mesmo tempo complexo, faz filmes de qualidade que chegam e são reconhecidos pelo grande publico, então se as únicas opções são amar ou odiá-lo, eu fico com amar, mas com ressalvas. “Dunkirk” é um filme interessante que com certeza vai levar óscar de edição e mixagem de som e talvez mais alguns oscars técnicos, mas não vai passar disso, mesmo assim, é um ótimo filme que vale a pena ser gastado o ingresso.