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Mário Sérgio P.Vitor
89 seguidores
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5,0
Enviada em 30 de julho de 2017
FRANTZ (2016), do diretor francês François Ozon, é uma obra-prima que estreou mês passado no Brasil. Estão nela a circunspecção que algumas dores provocam e a necessidade de se discutir o perdão, a tolerância e os amores gentis. A fotografia é um show à parte. Em preto e branco nos momentos da tristeza profunda sobre os traumas da guerra; de cores suaves quando um momento de encantamento surge a lembrar fatos que poderiam ter sido e os sentimentos que brotam. Os atores são precisos, a música e o lirismo permeiam todo o filme e, ao final, ficamos com a certeza de que, por trás de algumas cortinas, há uma forma de esperança a nos aguardar, sempre. Um espetáculo de beleza singular.
Feridas abertas da Guerra. O filme se passa em 1919 logo depois da Primeira Guerra Mundial que jogou vários paises da Europa numa carnificina sem precedentes. Aqui dois dos inimigos mais ferrenhos na Guerra se encontram através de um jovem misterioso que vai a Alemanha a procura de parentes de um soldado alemão que conhecera antes do conflito estourar. Do outro lado da fronteira na pequena cidade alemã, vive a jovem que vive como viúva, mesmo não tendo casado, tentando recompor a vida ao lado dos pais do noivo falecido. A chegada do estranho francês que lutara na Guerra vai mexer com o sentimento de todos e abrir feridas de cicatrizes ainda aflorando entre antigos inimigos e achar espaço entre tanta amargura para o amor. O filme carrega uma grande carga emocional e atinge pelas pequenas amarguras de corações dilacerados pelas perdas na Guerra. Além da questão familiar de entes queridos perdidos no conflito o Diretor OZON faz questão de dar algumas pitadas nas fissuras que os inimigos ainda sentiam um do outro e que iriam culminar em outra Guerra Mundial que seria pior ainda. Belo filme onde o melodrama ajuda a construir o retrato de uma época onde as amarguras de lados opostos servem de combustivel para um amor impossivel.
Excelente. Jovem soldado morre na 1a Guerra, deixando seus pais e sua noiva atolados em uma forte melancolia, sobrevivendo "à sombra do objeto perdido" (Freud, em "Luto e Melancolia"). O diretor cult François Ozon apresenta a história de todos estes personagens, abalroados por um suposto amigo do falecido, q traz um pouco de conforto à família, ao contar detalhes da vida do ente perdido. Ozon descreve à perfeição o universo dos personagens - todos obsessivos -, impedidos de continuar com a vida, quiçá do direito a qualquer alegria. Belíssimo, ultra sensível.
“Frantz”, de François Ozon (Swimming Pool), é quase um remake de “Broken Lullaby”, de um dos diretores clássicos do Cinema, Ernst Lubitsch. Lubitsch, se dizia, possuía um toque especial: ele ambientava seus personagens em um mundo peculiar, diferente do real, mais metafórico e com uma certa dignidade que falta ao espírito humano quando se fala em mundo real. Ozon parece também ter seu próprio mundo, mas diferente de Lubitsch, ele usa uma certa ironia e uma certa maldade para atingir, através de uma visão honesta e ligeiramente exagerada, o quanto é a nossa percepção da realidade que a cria, e se a verdade é uma moeda de tão alto valor quanto se diz por aí. Quando até um padre avalia as ações não através da verdade, mas através de um aspecto mais utilitário (ainda que moral), é necessário rever essas questões durante uma história familiar que ultrapassa de longe qualquer drama que você esteja acostumado a ver de Hollywood. “Frantz” ainda é um filme que aproveita o p&b clássico dos filmes de época para evocar um novo significado em uma Alemanha e França pós-guerra onde as feridas ainda estão abertas, e onde a felicidade parece que ficará por um tempo suspensa na escuridão da melancolia.
A reta final é um grande lugar comum, não inova e nem seduz. A grande sacada de Ozon é a sugestibilidade de homoerotismo. Pensamos o tempo todo que Adrien e Frantz são homossexuais, que tiveram um caso, ou que inventaram uma história mirabolante para ficarem juntos. Ozon deixa algo no ar: evidencia-se um desinteresse constante dos personagens em relação às mulheres que os cercam.
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