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Marines F.
1 crítica
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4,5
Enviada em 13 de janeiro de 2018
Consegui criar coragem pra assistir a este filme, impossível não me emocionar. Perdi um irmão fazem quatro anos, ele era esquizofrênico, esteve internado varias vezes em hospital psiquiátrico, muitas vezes tomou eletrochoque, e por diversas vezes frequentei estes hospitais. Revivi estes momentos, momentos de muitas lágrimas. Parabens pela atuação de todos os atores, magnifico.
Uma história realmente interessante, o jeito como ela ignorou as pessoas naquela época, sob tudo os homens, num tempo em que a mulher engatinhava para conseguir seus direitos, e igualdade perante a sociedade.
Nise disse que "há 10 mil modos de pertencer à vida e lutar por ela". Dá pra começar à entender o que ela quis dizer quando a gente vê, no filme, "loucos" criando obras de arte, explorando sua sexualidade ou tendo crises de ciúmes. Assistindo ao longa, existirá um momento em que você irá se perguntar o que é a loucura. Afinal, quem não se debateria "como louco" ao saber que irá passar por um experimento? Quem não agiria como louco depois de ficar 20 anos preso em um hospital psiquiátrico? Nos anos 50, época em que ainda usavam triturador de gelo para destruir pedaços dos cérebros de pacientes psiquiátricos, Nise propôs o uso do pincel. Nada além da arte como terapia ocupacional para tratar seus clientes (como ela mesma preferia chamá-los). "Nise - O coração da loucura" é um baita filme, com um baita elenco. E, se você gosta de cachorros, prepare-se para se desestabilizar junto com os pacientes.
Um filme que emociona e faz refletir sobre o inconsciente dos doentes mentais, especialmente dos esquizofrênicos. A psiquiatra Nise da Silveira revolucionou os métodos de tratamento da doença, até então empregados, que se restringiam aos eletrochoques e à lobotomia. Ela começou seu trabalho em Engenho de Dentro (RJ) em 1944, preferindo chamar os doentes de "clientes", porque achava que o termo "pacientes" deveria ser aplicado a quem cuidava deles. Deixando-os livres, respeitando sua individualidade, tentando entender o porquê da agressividade de alguns, Nise enfrentou a descrença dos psiquiatras reacionários. A terapia da pintura, aliada à música, fez aflorar inúmeros talentos e entrou para a história. A exposição dos quadros, organizada pelo crítico de Arte, Mário Pedroza, surpreendeu a todos. Gostei especialmente de uma frase dita por Nise a um colega: "Eu uso o pincel, e você usa um picador". Algumas cenas marcantes foram ao do primeiro passeio ao ar livre, a quadrilha, o amor transmitido na relação entre os clientes e os animais. A própria Nise tinha dois gatos. Muito boa a ideia de, ao final do filme, mostrar imagens da verdadeira Nise da Silveira e dos seus clientes. Fantástica atuação de Glória Pires, muito sóbvtia e discreta, e do elenco. Recomendo assistir com atenção e emoção.
Para tentar compreender o caminho percorrido pela médica psiquiatra Nise da Silveira, é necessário entendermos a pessoa que ela foi. Militante do Partido Comunista Brasileiro, passou 18 meses presa, durante a Intentona Comunista, após ser denunciada pela posse de livros marxistas. Depois de ser libertada, por razões políticas, viveu oito anos no exílio, ao lado do marido, o sanitarista Mário Magalhães da Silveira, ao mesmo tempo em que foi obrigada também a se afastar do serviço público.
O filme Nise: O Coração da Loucura, dirigido e co-escrito por Roberto Berliner, acompanha o momento em que Nise da Silveira (Glória Pires) retorna do exílio e volta ao serviço público com o trabalho desenvolvido no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, localizado no bairro de Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro. Quando Nise retorna ao trabalho, a realidade que ela encontra é completamente diferente da que ela conhecia, na medida em que se tem a popularização de técnicas agressivas aos pacientes, como a lobotomia e o eletrochoque.
O que Nise da Silveira oferecia aos seus clientes (ela se recusava a chamar os internos do Centro de pacientes) era a oportunidade de eles terem um tratamento mais humanizado. Por isso mesmo, foi perfeita a decisão do então diretor do Centro Psiquiátrico, Dr. Nelson (Zé Carlos Machado), de colocá-la à frente da Seção de Terapêutica Ocupacional - mesmo ele achando que estava, na realidade, punindo-a pelo fato de ela se recusar a praticar as novas técnicas com os internos. Foi ali que Nise desenvolveu uma técnica pioneira, criando ateliês de pintura e de escultura, nos quais os clientes portadores de esquizofrenia podiam entrar em contato, novamente, com suas realidades e encontravam uma maneira criativa de se expressar.
A história de Nise da Silveira nos é retratada de uma maneira muito bonita pelo diretor Roberto Berliner. É tão bom ver relatos assim, de pessoas que acreditam no amor como uma maneira de transformação e de cura. Nise, ao tratar seus clientes como os seres humanos que eles eram, merecedores de confiança e de compaixão, pôde dá-los a oportunidade de se reconectar com o mundo em que eles estavam inseridos, com os laços que eles tiveram com pessoas amadas e com as lembranças que os tornaram os indivíduos que eles são; e que, um dia, eles perderam.
O filme é excelente por várias razões: conta uma história real de uma brasileira genial, à frente de seu tempo, e o faz de maneira cativante; mostra de forma inteligente, como uma mulher conseguiu de fato se sobressair e vencer os desafios do machismo, sem aquele mi-mi-mi e por méritos legítimos; foca o quão primitivas e desumanas eram as práticas psiquiátricas em pleno século XX, ou seja, há poucas décadas; dá uma palhinha, breve pincelada na relevante obra de Carl Gustav Jung, mestre de Nise e pai da psicologia analítica.
Filme importante no sentido de sensibilização para o outro, mesmo em estado psicótico, demonstrando que é capaz de criar e de melhorar através da arte e do tratamento digno. Mostra a luta para superar a institucionalização dos doentes mentais submetidos a choques e lobotomia. Filme peca no aspecto técnico, pois os psiquiatras não eram necessariamente sádicos, mas utilizavam os tratamentos técnicos disponíveis e testados. Nise, consegue melhorar a cognição dos clientes, como os chama e que parece bastante adequado, mas o filme omite que os clientes recebem tratamento medicamentoso e parece que tudo se resolve com os aspectos humanitários, lúdicos e artísticos, o que não é verdade.
Ótimo filme. Tem a sutileza necessária de saber trabalhar os transtornos dos personagens, sem exageros. Merece destaque também a sempre incrível Glória Pires. Esse filme prova que o cinema brasileiro pode ser grande.
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