Baseado na peça escrita por Jordan Harrison, o filme "Marjorie Prime", dirigido e escrito por Michael Almereyda, orbita em torno de dois temas: a memória e o luto. Ao mesmo tempo, o longa também me suscitou algumas reflexões relacionadas aos seguintes assuntos: a difícil continuidade da vida, após a perda de entes queridos; e como somos e gostaríamos de ser lembrados.
Como um filme do gênero de ficção científica, "Marjorie Prime" se passa num futuro distante e enfoca a dinâmica da família da personagem que dá título ao filme (que é interpretada por Lois Smith). Ela vive numa casa isolada numa cidade litorânea, tem como cuidadora uma enfermeira (Stephanie Andujar), e recebe as visitas frequentes de sua única filha Tess (Geena Davis), e do genro Jon (Tim Robbins).
Não nos é dito diretamente, mas Marjorie sofre de alguma enfermidade que afeta a sua memória. Por isso, no decorrer do filme, ela interage com um holograma de seu falecido marido Walter (Jon Hamm), que assume uma forma jovem, como na época em que eles se conheceram e se apaixonaram um pelo outro; e, por meio das conversas que ela trava com ele e com as pessoas de sua rotina diária, a sua história de vida lhe é recontada e rememorada. Esse ciclo segue com as demais personagens de sua família, como se precisássemos ser relembrados, constantemente, sobre quem somos e do que fomos feitos.
Até que a gente pegue o sentido de "Marjorie Prime", o filme nos dá a sensação de ter uma narrativa lenta e uma direção distante e fria. Neste sentido, não sei se o diretor e roteirista Michael Almereyda se inspirou na própria história que conta, que nos coloca diante de pessoas que perderam o sentimento que conhecemos como alegria de viver. Todo o filme tem esse tom de melancolia e de tristeza.