Eu diria que é uma espécie de sucessor do antigo, mas com todos os tipos de invencionices que nem vale chamar de inovador. A meu ver, o filme investe demais nas cenas de ação modernas, esquecendo-se da sua origem nos explosivos blockbuster dos anos 90. A dupla de protagonistas agora não tão cômicos assim, parecem velhos demais para assumir o peso da franquia e sempre acabam pedindo ajuda de terceiros e dividindo o espeço de tela com o filho do Mike (Will Smith). Eu simplesmente não gosto da aura que o filme passa. É tão diferente de outros filmes como este, por exemplo, o Protetor 3, que, ainda trazendo Denzel Washington visivelmente mais velho, carrega consigo o espírito do original (devido, talvez, à direção, que é a mesma do primeiro) ao mesmo tempo que "Bad Boys 4 – Até O Fim" carece urgentemente de conexão com os primeiros filmes.
Se, nos anos 90, havia personagens imbatíveis, nos quais os policiais agiam de maneira não oficial e por conta própria, denotando total controle sobre suas ações e com muito mais poder nas situações, o que fornecia uma atmosfera mais leve e, portanto, engraçada à narrativa, aqui, a ação é a maior qualidade do filme, com boas coreografias de cena, conquanto haja menos humor, menos engajamento (muito por conta das motivações dos protagonistas, que são fracas para justificar um quarto filme) e, conseguintemente, menos alma. O filme chega próximo de um suspense policial e, vez por outra, sente-se que os criadores esqueceram que, um dia, a franquia fora mais voltada para a comédia. Desde que os protagonistas másculos e que realizam as suas ações de forma mais independente, esquivando-se dos limites da lei em prol de realmente prender os bandidos, agora os personagens se veem frente a males do dia a dia, que geralmente são o foco quando a questão é trazer personagens mais velhos de volta às suas franquias. Um exemplo é sugerir que Will Smith necessita de um psicólogo porque teve um ataque de pânico e, noutro ponto, o seu companheiro sofrer um infarte. Em suma, a ideia é plausível, mesmo que o roteiro pudesse seguir o caminho oposto, exaltando seus protagonistas, fazendo-os em relação aos coadjuvantes, tal qual Tom Cruise fez em Top Gun Maverick.
Querendo ou não, este é um típico revival que se já se prepara para ter muitas continuações e espera perder os seus protagonistas em breve, para a aposentadoria ou, até mesmo, a morte. O trabalho, então, é criar um tipo de time, o qual as duas estrelas compõem, e seguir com a desculpa de que os antigos já estão velhos demais para a aventura e que "não devem temer pedir ajuda; pedir ajuda não é fraqueza". Novamente, a mensagem é boa, mas eu sinto que eles deveriam valorizar mais a dupla principal para que o público sentisse que eles são, de fato, os '"fodões" os verdadeiros Bad Boys.