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cinetenisverde
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5,0
Enviada em 17 de janeiro de 2017
Um hino à liberdade em três atos. No primeiro ato, a repulsa à traição do líder máximo da nação com uma manifestação espontânea e apartidária. No segundo ato, um cenário de conflitos que são dominados pelo patriotismo e organização cooperativa. No terceiro ato, o estado, esse monstro disforme que mata tudo que toca, revela sua última faceta, e transforma o hino de liberdade em um banho de sangue.
Uma das constantes na história da Humanidade, e que a torna bastante atribulada, são os embates ideológicos, políticos, filosóficos, que muitas vezes ‘evoluem’ para um conflito físico, seja corpo-a-corpo; seja através de armas (letais ou não). Portanto, as manifestações da população ucraniana de Kiev (e posteriormente de outras cidades) não foram as primeiras, e não serão as últimas. Ter, no entanto, acesso a uma série de imagens bastante pungentes, mais entrevistas com pessoas que participaram dos eventos, ou estiveram intimamente ligados, simplesmente leva a outra dimensão a visão que podemos ter de um conflito embate histórico entre Estado e povo. Nos livros de História e nos jornais impressos uma revolução pode parecer apenas ‘bacana’, e assim dar-nos uma sensação morna de como é provocar um daqueles marcos históricos de que tanto ouvimos falar.
Winter on fire (“Inverno ao fogo”, em tradução livre) não é um documentário de provocar sensações mornas, apesar da trilha discreta, meticulosamente dosada por entre poucas cenas. Na verdade, com o perdão da má referência musical, essa produção original da Netflix é “tiro, porrada e bomba” — todos de forma literal, ressalto —, e pode-se ainda acrescentar sangue a tais ‘ingredientes’. Inicialmente o filme retrata uma insatisfação na capital da Ucrânia com o posicionamento dúbio de seu então presidente Viktor F. Yanukovich em relação a qual país iria se unir politicamente: enquanto o povo queria unir-se a uns, o governante demonstrava querer ir para o lado oposto — e assim começou a discussão e a mobilização nas ruas de Kiev. Posteriormente a situação tornou-se cada vez mais extrema.
Apesar de pequenos trechos de falas ligeiras, em que pode ser necessário voltar um pouquinho para acompanhar, é bem mais evidente (e chocante) a velocidade com que a mega-reunião de cidadãos numa praça central da cidade e uma subsequente reação policial, agressiva, logo tornou-se estopim para ampliar as dimensões e principalmente a natureza da mobilização. Os depoimentos e as gravações mostram com clareza que polícia militar manobrada/mal-treinada e político revoltante não são coisas exclusivas daqui. Não é difícil ficar de ‘sangue fervendo’ com a atuação da polícia ou o tal presidente, ou tocado pela imensa determinação popular em levar adiante o que é justo. Também é fácil terminar de assistir Winter on fire com lágrimas nos olhos pelas mortes ocorridas em meio aos violentos conflitos. O final, ao menos carrega alguma esperança, mesmo que não seja plena (vale pesquisar e acompanhar).
Fica, claro, o alerta quanto às cenas de flagrante abuso policial, algumas bastante violentas, mas sobretudo quanto à quantidade de sangue. É um baita filme, mas especialmente por não ser ficção pode ser perturbador para alguns.
Excelente documentário pra se ver em primeiro lugar como que a polícia é treinada para não ter cérebro nenhum e apenas ser comandada a agir servilmente de forma a agredir e massacrar seu próprio povo. Esse povo se rebela não porque é ideologicamente manipulado ou porque gosta de agitação, mas porque é um povo que passou mais de 40 anos numa geladeira histórica, no atraso e na servidão a outra nação. Quando lhes é dada a oportunidade de se integrar ao desenrolar da história do mundo ocidental isso lhes é tirado por uma única força, a do presidente da república. Isso é revoltante, por mais que seja questionável o desejo desse povo de se unir à União Européia (trocar uma servidão por outra). É um documento da geopolítica contemporânea. É fundamental para qualquer pessoa interessado em saber o que anda acontecendo pelo mundo.
O documentário acompanha as manifestações na praça Maidan, em Kiev e a escalada das agressões do Estado contra a população local. Em termos técnicos, daria destaque à montagem do filme que possibilita uma imersão emocional ímpar do espectador. Porém, em minha opinião, o grande trunfo desse documentário é o seu conteúdo e as discussões que alimenta tanto em torno da situação concreta da Ucrânia, quanto da violência do Estado.
A resistência ucrâniana pela liberdade, firmada no patriotismo de jovens, crianças, religiosos de várias denominações... Todo o povo, contra os conluios autoritários da Rússia. Emocionante.
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