Nosferatu é um remake que faz sentido.
O original de 22 é um clássico, mas inegavelmente datado. E embora o Drácula de Coppola seja um espetáculo visual, ele romantiza o vampiro a ponto de esquecermos a criatura que realmente nos assombra.
Eggers sabe como ninguém criar atmosferas que prendem o espectador. Cada detalhe da direção de arte traz a construção de época que é tão imersiva quanto sufocante. Somos transportados para uma Alemanha desolada e enigmática, onde a escuridão parece se espalhar por cada canto.
Outro ponto a favor desse remake é o resgate do vampiro como criatura vil. Na cultura pop, os vampiros foram transformados em adolescentes de corpos dourados, sedutores melancólicos ou piadas prontas. Eggers puxa o freio e nos lembra do que eles realmente são: monstros. Seu Conde Orlok (interpretado magistralmente por Bill Skarsgård) é repulsivo, faminto, uma força da natureza que busca apenas a exploração. Essa é a essência do vampiro que havíamos perdido — o ser asqueroso que causa repugnância.
A fotografia também é um destaque. Além dos visuais hipnotizantes, a luz e a sombra são usadas para compor a presença macabra do nosso terrível vampiro. A trilha sonora, e a sonoplastia também se destacam para a imersão.
Em um filme de jumpscares orquestrados e cenas de exorcismo digna dos primeiros exorcistas, Eggers nos traz o verdadeiro terror, que não está no sangue ou nos sustos fáceis, mas na sensação de que algo, em algum lugar, está à espreita.