Superficialidade que assusta
por Lucas SalgadoMadame é um filme assustador. Não, não estamos diante de um suspense ou terror, mas sim de uma quadrada comédia francesa, com certa pitada de romance e outra de drama. Mas segue assustador, pelo menos em sua superficialidade. Não é incomum se dar de frente com obras ruins, mas mesmo essas não costumam transmitir tão bem o sentimento de tédio e desinteresse. Nada em Madame prende a atenção do espectador, da direção ao elenco, da fotografia à trilha sonora.
Toni Collette vive a luxuosa Anne, ex-professora de tênis que se casou com Bob (Harvey Keitel), de alta classe social, embora enfrentando problemas financeiros que esconde da família. Determinado dia, ao receber importantes visitas para um jantar, Anne percebe que as cadeiras estão em número ímpar na mesa e decide chamar a humilde governanta Maria (Rossy de Palma) para jantar com o grupo, com a recomendação de que deveria se manter calada. Ao longo do jantar, no entanto, ela acaba se destacando e chamando a atenção de um homem de negócios importante.
Maria acaba iniciando uma relação com o sujeito, o que gera revolta e ciúme por parte do luxuoso casal. Ao mesmo tempo, o filho do primeiro casamento Bob começa a se fazer presente na residência, incomodando Anne com se jeito direto e, quase sempre, alcoolizado.
A personagem Maria é a mais interessante da trama, embora a performance de Rossy seja apenas correta. Collette e Keitel, no entanto, decepcionam, até por serem os nomes mais conhecidos do elenco. Os dois parecem completamente no piloto automático, sem se preocuparem muito com o resultado final, principalmente no caso de Harvey.
Filmado e produzido na França, Madame é um filme muito menos inteligente do que pretende se mostrar. Na verdade, investe tanto na metalinguagem que acaba se portando como uma figura artificial de fato. Vazio em todos os sentidos, e várias vezes equivocado na abordagem de seus personagens e nas dinâmicas sociais.
No final de tudo, a verdade é que você não se interessa por nada que possa sair dali, o que torna a experiência bem infeliz.