O enredo é interessante, sobretudo pelo período histórico que retrata (ditadura militar argentina), o final deixa um pouco a desejar se comparado ao que estamos acostumados em se tratando de Darin.
Ricardo Darín é um ator fantástico. Já fez vários filmes excepcionais e sempre tem atuações ótimas. Aqui, ele volta a trabalhar com o mesmo cineasta que o dirigiu no interessantíssimo Um Conto Chinês. Porém aqui a pegada do filme é bem diferente. Trata-se de um filme que mistura suspense com uns toques de filme policial e western. O forasteiro Tomás Kóblic (Darín) é um ex-capitão das Forças Armadas em plena década de 1970, durante a ditadura militar na Argentina. Ele tem pesadelos constantes com as vítimas dos aterrorizantes e covardes vôos da morte: ele pilotava aviões que levavam prisioneiros contrários ao regime militar, e tais pessoas eram dopadas e lançadas das alturas sem paraquedas, num vôo mortal. Kóblic começa o filme em fuga, indo a uma cidade pequena viver num hangar de um amigo por algum tempo, até que “as coisas esfriem”. Lá, ele acaba se envolvendo com uma mulher casada (Inma Cuesta) e se torna alvo de um comandante da polícia corrupto e autoritário que possui métodos bens escusos de investigação (o excepcional Oscar Martínez, em atuação impecável). O filme não sai muito desse eixo entre os três personagens. A narrativa pode parecer um pouco lenta e o filme na verdade não tem uma grande história (aliás, o enredo é bem mais simples do que eu imaginava), mas prende a atenção e é curto (cerca de pouco mais de uma hora e meia). Tem ótimas interpretações e não aborrece. Pode ser que a expectativa de um reencontro entre o diretor e o astro argentino possa ter gerado grandes expectativas que não foram exatamente alcançadas, mas não há como dizer que o filme seja ruim. A parte técnica, principalmente a fotografia e jogos de câmera chamam bastante a atenção pela beleza e o filme tem personagens interessantes. Só que o desfecho é um problema. Meio forçado e exagerado. Pelo rumo que o filme ia tomando, merecia um final mais bem bolado e criativo. Acaba se tornando um filme sem impacto. De qualquer forma, só a presença de Darín e Martinez já vale a conferida.
Darín sempre valoriza os filmes. Aqui ele interpreta um aviador que se recusou a abrir a porta do avião para que os militares argentinos do tempo da ditadura, jogassem pessoas vivas, como era hábito. Ele acaba fugindo e sendo protegido por um amigo, mas as circunstâncias e o passado rondarão a sua presença no esconderijo em uma cidade pacata, sob os olhares dos militares.
"Darín é um grande ator, já estrelou diversos filmes argentinos com ótimas histórias. Kóblic era uma trama em potencial mediano, mas acaba não sendo bem aproveitado. O cinema na Argentina tem características bem marcantes e uma delas é a capacidade de interpretação que suas histórias possuem. Explicando apenas o necessário sobre a trama e os seus personagens, os filmes argentinos gostam de fazer o público pensar de uma forma sútil e ter aquele pequeno estalo na cabeça simbolizando o entendimento dos fatos. O longa faz isso, mas de forma mais profunda. O roteiro deixa todas as questões subentendidas em demasia, tornando a história lenta em excesso."
Uma boa definição para o filme é que ele é cansado. As cenas não empolgam, os atores não se esforçam e os bons diálogos, o forte do cinema argentino, não existem nesse filme. Até o estupendo Ricardo Darín está fora de sintonia e não consegue transmitir a emoção, ou remorso no caso, de seu personagem. Deve ser um dos mais fracos filmes que a Argentina produziu nos últimos 5 anos.
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