Minha conta
    Zerando a Vida
    Críticas AdoroCinema
    1,5
    Ruim
    Zerando a Vida

    Padrão Adam Sandler

    por Lucas Salgado

    Coisas que encontramos em Zerando a Vida: piada com masturbação; com vômito; com objetos encontrados dentro de partes íntimas (foco no plural!); com mau cheiro de objetos encontrados dentro de partes íntimas; com sexo anal; com boneca inflável; com o saco suado de Luis Guzman (sério! mesmo!); com nudez de pessoas de terceira idade (com direito a seios caídos de uma senhora).

    Coisas que não encontramos em Zerando a Vida: boas atuações; personagens carismáticos; boas cenas de ação ou comédia; roteiro inteligente; razões para a Netflix continuar fazendo filmes com o Adam Sandler

    Após protagonizar e produzir o pior conteúdo original já oferecido pela Netflix (The Ridiculous 6), Sandler mostra mais uma vez que sua parceria com a empresa significa não elevá-lo ao padrão Netflix, mas rebaixar a companhia ao padrão Adam Sandler.

    É verdade que Zerando a Vida é superior a The Ridiculous 6. É claro que só de não ter Rob Schneider ou Taylor Lautner já é uma evolução e tanto, mas a trama também é melhor pensada, na medida do possível. Sandler interpreta Max, um sujeito bem sucedido que reencontra um colega da escola e percebe que ele está parado na vida, vivendo na mesma casa, com o mesmo carro e emprego, e cobiçando a mesma mulher. Max então decide fazer Charlie mudar radicalmente de vida. Ele forja suas mortes e consegue novas identidades.

    O problema é que as identidades que assumem são de dois homens que passavam por uma série de problemas, tendo sido vítimas de assassinos profissionais, que agora irão atrás da dupla. Ao mesmo tempo, Charlie vai descobrindo que Max não é bem aquela pessoa tão bem sucedida quando este o fazia crer.

    Numa trama desinteressante, que envolve adultério, traições e a cura do câncer, o filme peca do maior problema que pode acometer uma comédia: simplesmente não tem graça. Também se propõe a sequências de ação, que tampouco empolgam. Também investe em um romance e mais uma vez decepciona.

    David Spade vive Charlie e consegue passar bem a sensação de desconforto do personagem com as situações com as quais se depara. Há de se imaginar que ele estava interpretando a si próprio, que com certeza ficou desconfortável com as cenas que teve que fazer em cena. Paula Patton completa o elenco com função meramente decorativa. Sua personagem é desinteressante e pouco envolvente.

    Em meio a tantos erros, um chama mais atenção: a narração em off do personagem de Spade. Em certos momentos, parece faixa comentada de DVD. Sem contar que o filme começa e caminha por um bom tempo sem narração, quando lá pelo meio entra o protagonista falando diretamente ao público. Não faz sentido, seja em termos narrativos, seja em termos de linguagem. Além de tudo, o off é extremamente explicativo. Fica a sensação clara de que foi inserido com o filme pronto. A equipe deve ter achado que sobraram buracos que necessitariam ser explicados.

    Em 2014, a Netflix fechou um acordo de quatro filmes com Sandler, dando carta branca para o ator fazer o que bem entendesse. E é o que ele tem feito. O ponto positivo é que só faltam mais dois longas para o acordo chegar ao fim. O ponto negativo: é que ainda faltam dois filmes e nada impede as partes de chegarem a novos acordos.

    Quer ver mais críticas?
    Back to Top