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    O Que de Verdade Importa
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    O Que de Verdade Importa

    Clichês, amor e lições de vida

    por Barbara Demerov

    Filmes que abordam a fé geralmente tendem a seguir o caminho de doutrinar o espectador a partir das histórias que contam, mas existem exceções. Por mais que trate a temática como potencializador de melhora para quem a sente e também para as vidas de quem está ao redor, O Que de Verdade Importa também trabalha os benefícios que as relações interpessoais podem trazer e que a fé pode ser mais simples do que parece.

    Alec Bailey (Oliver Jackson-Cohen) não possui crença alguma - principalmente após perder seu irmão gêmeo para o câncer há alguns anos. Ele trabalha e se diverte com relacionamentos casuais e parece não se importar em criar raízes, mas tudo muda quando um tio distante (Jonathan Pryce) aparece para lhe proporcionar uma grande mudança financeira e pessoal. O protagonista vai se tornando mais interessante à medida em que restaura sua fé e conhece pessoas que o ajudam a entender o passado de sua família. O crescimento de seu aprendizado demora a acontecer e é natural, o que torna o filme mais autêntico; pelo menos em partes.

    Coincidências ou um "chamado" para algo maior? O filme até brinca com os caminhos que Alec enfrenta na pacata cidade para a qual se muda, ao mesmo tempo em que deixa implícito que a fé precisa estar presente para que tudo funcione de fato. Ao passo que o protagonista conhece Cecilia (Camila Luddington) e se apega a uma rotina mais tranquila, ele também luta contra si mesmo quanto ao executar ou não o poder que possui: o de curar pessoas.

    O curioso de O Que de Verdade Importa é que, mesmo com tantos clichês (a ida a um lugar afastado, o autoconhecimento vindo desta nova experiência), o filme entrega uma narrativa fluida e boa de se assistir. Porém, não dá para negar que a abordagem é básica e não traz muita profundidade ou novidade para a trama, transitando entre família, dores do passado e o encontro com o amor.

    A contrariedade entre aceitar ou não o fardo de usufruir o poder da cura é bem trabalhada, assim como a relutância do protagonista faz sentido dentro do que é apresentado. O problema é que o filme vai perdendo seu impacto por ter uma duração mais longa que o necessário e ainda insere, em seu ato final, a personagem de uma pré-adolescente com câncer que ajuda Alec a acreditar em si e a encontrar um sentido para a vida.

    O modo como a garota aparece faz o longa entrar no modo "dramalhão", com direito a frases forçadas e situações mais ainda. Os clichês vão se intensificando e, o que começa de modo diferente (como a relação de amizade entre Alec e Cecilia, que aos poucos vai se tornando romântica), acaba por seguir os mesmos padrões de histórias que visam inspirar a qualquer custo.

    Contudo, o desfecho de O Que de Verdade Importa é coerente com a proposta de entregar um resultado místico e, ao mesmo tempo, que puxe para a vida real. Milagres acontecem de diversas formas possíveis, e a narrativa procura deixar isso bem claro.

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