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    Escobar - A Traição
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Escobar - A Traição

    Uma história latino-americana

    por Francisco Russo

    "Se não te respeitam, façam com que temam."

    Pablo Escobar, o autor da frase acima, é daqueles personagens apaixonantes pelas contradições que representa. Líder do Cartel de Medellín, desafiou as autoridades norte-americanas ao inundar o país com seus fartos e inusitados carregamentos de cocaína. Na Colômbia, controlava seu feudo com mão de ferro ao mesmo tempo em que era uma espécie de Robin Hood, o que também lhe trazia idolatria. Sempre dividido entre interesses nos dois países, ainda encontrava espaço para desventuras amorosas, por mais que fosse absolutamente devoto à própria família. É a partir de um destes casos que Escobar - A Traição é construído, para o bem e para o mal.

    Baseado no livro "Amando a Pablo, Odiando a Escobar", o filme traz uma dependência exagerada em relação à autora do best-seller, Virgínia Vallejo. Aqui interpretada por uma Penélope Cruz bem perua, Virginia atrai holofotes excessivos a uma história que, a bem da verdade, não é sua. Apesar disto, é ela a rainha do terço inicial do longa-metragem, não apenas pela apresentação de sua persona - em uma interessante análise sobre o fascínio decorrente de astros da TV junto ao público - mas também pelo romance decorrente de sua aproximação a Escobar. Pontuado por declarações de amor mescladas a demonstrações de força e a simplória filosofia do "não me importo de onde vem o dinheiro, apenas o que é feito com ele", o casal desfila em meio a cenas de fast sex e ostentação de joias, vestidos e, por vezes, dinheiro na mão. Nada muito diferente do que já se viu em qualquer novela latino-americana, envolvendo casais à beira do perigo constante.

    Não por acaso, é quando Virginia sai de cena que Escobar - A Traição enfim cresce. Impulsionado pelo sempre competente Javier Bardem, o longa-metragem acompanha as ambições políticas de seu personagem principal, desvendando a hipocrisia no relacionamento entre "vilões" e "mocinhos" que dá um sabor a mais nesta trama tipicamente latino-americana. É na ascensão e derrocada de Escobar, aliado à sua declaração de guerra ao Estado colombiano, que o filme enfim diz a que veio - a traição do título, no fim das contas, é um mero detalhe sem tanta importância.

    Neste esforço em compreender uma realidade tão particular da Colômbia, chama a atenção um certo didatismo empregado pelo diretor Fernando León de Aranoa na condução da narrativa, o que faz com que o filme seja um tanto quanto cansativo. O retorno de Virginia à trama central, já na reta final, também resulta em uma barriga desnecessária, pela repetida necessidade em lhe dar destaque. Apesar disto, a presença imponente e ameaçadora de Bardem aliado às contradições de Pablo Escobar, capaz de fazer tudo pelos que ama e também tomar atitudes (bem) drásticas para atingir seus objetivos, mantêm sempre o interesse pelo longa-metragem.

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