O Reino Gelado 2: Crítica AdoroCinema

Se você não assistiu O Reino Gelado, não se preocupe! Logo no início, esta continuação apresenta um breve flashback que situa (ou relembra) o espectador dos principais eventos ocorridos no longa original. É quando sabemos que a Rainha da Neve foi derrotada pela jovem Gerda e que o troll Orm, lacaio da vilã, deixou as maldades para trás e mudou de lado. O Reino Gelado 2 começa exatamente neste ponto, com uma mudança considerável: desta vez a protagonista não é Gerda, mas Orm.

Escondendo de todos seu passado como vilão, Orm tenta levar a vida ao lado de seres de sua espécie. Ele tem atribuições cotidianas: trabalha em uma mina, mora com a avó, enfrenta dificuldades em fechar as contas do mês, sonha com uma vida melhor. É por este último que resolve participar de um concurso que vale a mão da princesa e, mais importante ainda, a vida no palácio real. Sim, Orm não está interessado no amor verdadeiro, mas em ter uma vida mais cômoda - algo que chega a ser surpreendente ao se constatar que esta é uma animação produzida na Rússia, com todo seu histórico socialista de igualdade para todos.

Diante desta proposta, O Reino Gelado 2 investe forte na imagem de Orm como um herói trapalhão. Várias são as situações que buscam entreter especialmente os menores, como a carismática lontra como coadjuvante, a cena da dança, o método usado por ele e seus amigos para atravessar o rio e a sequência do carrinho de mina desenfreado, que lembra bastante os vídeos exibidos em antigos cinemas para oferecer ao público a experiência imersiva do 3D. A difícil tarefa da redenção, especialmente pelas dificuldades impostas em um mundo capitalista, dá ao protagonista um certo ar dúbio e ardiloso, como se a qualquer momento pudesse se tornar malvado novamente, abrindo brecha até mesmo para um possível retorno da Rainha da Neve - esta é uma sequência, não se esqueça! É quando entra em cena a breve lição de moral do filme: o mundo é do jeito que você faz, ou seja, assuma as consequências dos seus atos.

Por mais que esteja bem longe de oferecer o requinte visual das animações de grandes estúdios hollywoodianos, especialmente Disney e DreamWorks, ainda assim O Reino Gelado 2 consegue capturar a atenção graças à sua estética simples e de traços leves, mais voltados para a criançada mesmo. É curioso ver uma sequência que praticamente abandona o personagem principal do filme original, já que Gerda aqui é uma mera coadjuvante que serve mais para (re)lembrar Orm de seu caminho bondoso. O mesmo vale em relação ao vilão desta nova aventura, criado a partir desta dualidade vivida pelo próprio Orm e com base em um importante detalhe sobre o espelho mágico, presente apenas no filme original - esta é a única lacuna na explicação que abre o filme. O 3D, por sua vez, tem alguns momentos interessantes, como a queda do navio, mas em grande parte do filme nem é utilizado.