(...) a história lembra muito a premissa de Toy Story, pois também inicia a partir do ponto de vista do que os animais, ou neste caso, os brinquedos, fazem quando seus donos não estão; o que eles pensam e o que eles falam. E a interpretação que o filme faz disso é muito boa, pois desenvolve uma humanização sem perder as características e instintos próprios de cada animal, e, assim, faz com que vários momentos cômicos sejam divertidos sem ser clichê. Por exemplo, os cães quando se distraem e perseguem borboletas ou quando se deliciam com carne; o entretenimento do gato com um rato de brinquedo, a luta contra os instintos de um falcão, entre outros.
Porém, a história tem uma reviravolta quando Katie chega um dia com um novo irmão para Max, um cão grande, peludo e desleixado chamado Duke. O ciúme e a disputa pelo amor de sua dona levam a rivalidade entre os dois personagens. Certo dia, em um passeio diário com todos os demais animais "vizinhos" até o parque, os dois se enfrentam e acabam se perdendo no meio da cidade. Por conseguinte, a aventura se concentra em encontrar o caminho de volta para casa.
A tecnologia 3D foi muita bem executada neste aspecto, pois deu uma boa profundidade de campo, o que beneficiou na representação das localizações e cenários de Nova York durante a jornada de Max e Duke, utilizando também, muitas vezes, o ângulo plongée para realçar o tamanho pequeno dos animais em relação ao tamanho da cidade e das pessoas. O ritmo frenético e acelerado, contudo, prejudicou uma melhor apreciação dessa técnica.
Mas este não é o maior problema. O roteiro também se perdeu quando foram inseridas cenas desnecessárias e, ainda, elementos bastante contraditórios e de extremo mau gosto. No meio da jornada, mais especificadamente durante o segundo ato, os personagens principais encontram animais de rua, os quais foram representados como criaturas feias, desfiguradas que praticam bullying contra as vítimas: os animais “bonzinhos”, os domesticados.
Não bastasse isto, Max e Duke também conhecem Bola de Neve: um coelho, líder de uma gangue de outros animais todos abandonados por seus respectivos donos, os quais vivem no submundo (=esgoto) da cidade praticando atos "rebeldes" que chamam de revolucionários. Eles são motivados sempre pelo seu ódio por humanos, aceitando que Max e Duke entrem para sua gangue, apenas porque eles mentem terem matado seus donos. O filme perde um tempo relativamente longo enfatizando a glória e admiração por terem cometido tal ato.
Essas questões denunciam um conteúdo altamente inapropriado e absurdo para um filme infantil em certas idades, podendo estimular não somente a violência, mas também o preconceito e o bullying. Dessa forma, o filme peca muito por não ter um desenvolvimento adequado ao seu público-alvo. Os “vilões” não têm um desfecho apropriado e nenhuma lição de moral acerca deste tema é abordada.
Em suma, o resultado é de um filme que garante um entretenimento pela aventura, mas os espectadores não conseguem refletir ou tirar dele qualquer aprendizado ou mensagem relevante.