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    A Garota Desconhecida
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    A Garota Desconhecida

    Piloto automático

    por Lucas Salgado

    Os belgas Luc Dardenne e Jean-Pierre Dardenne são dois dos mais cultuados cineastas europeus da atualidade, sendo dos poucos a terem conquistado por duas vezes a badalada Palma de Ouro do Festival de Cannes (RosettaA Criança). O cinema deles é marcado por algumas características, como a câmera na mão que geralmente acompanha poucos protagonistas, quando não só um, de forma muito natural.

    Foi assim recentemente com Dois Dias, Uma Noite, com atuação magistral de Marion Cotillard, e se repetiu agora com A Garota Desconhecida, com outra performance inesquecível, agora de Adèle Haenel. Após boas participações em obras como L'Apollonide - Os Amores da Casa de TolerânciaAmor à Primeira Briga, a jovem atriz realiza seu principal trabalho ao lado dos Dardenne. Sua atuação lembra em muito o trabalho de Cotillard no filme citado. Tudo é muito naturalista, seja na escolha do figurino ou na "ausência" de maquiagem.

    Na verdade, o filme é tão a cara dos irmãos Dardenne que isso acaba sendo um defeito. Soa repetitivo. Ainda é uma obra interessante e bem desenvolvida, mas é difícil não ficar com a impressão de que já viu aquilo antes, e de forma melhor trabalhada. Se a protagonista funciona, o mesmo não se pode dizerem dos personagens à sua volta. Haenel vive uma médica e a maioria dos outros personagens são pacientes, além de um aprendiz. Ainda que a ação principal funciona, muitas das histórias e dinâmicas paralelas são mal aproveitadas.

    Jenny (Haenel) trabalha como médica substituta em uma pequena clínica. Ela é bastante atenciosa com seus pacientes e tem uma rotina de visitas domésticas constantes. Determinado dia, tentando dar uma lição em seu aprendiz, ela o impede de atender o chamado após o expediente de um paciente. No dia seguinte, ela descobre que a pessoa que tocou a campainha de seu consultório foi encontrada morta. A polícia não tem informações sobre esta mulher. Jenny, então, toma pra si a missão de descobrir ao menos o nome daquela mulher, cujo destino poderia ter sido diferente.

    A forma como o caso vai afetando o dia a dia de Jenny é muito interessante, mas a solução final podia ser melhor resolvida. Fotografia, trilha, montagem, direção de arte... Tudo segue a fórmula dos Dardenne. É um bom filme, mas deixa a impressão de que poderia ser melhor trabalhado. Os diretores são ótimos, mas estão no piloto automático.  

    Filme visto na 40ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em outubro de 2016.

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