O filme contou com a direção de Roberto Farias, com base no argumento de Reginaldo Faria e Paulo Mendonça. No elenco há a presença do próprio Reginaldo Faria e também de Antônio Fagundes, Natália do Valle e Elizabeth Savalla, além disso, o longa de 105 minutos no total contou com a produção da Embrafilme, estatal distribuidora e produtora de obras cinematográficas atualmente extinta.
No longa, o Brasil de mostra em extrema euforia e comemoração resultante da vitória na copa de futebol de 1970 durante o governo de Médici, conhecido por ter sido um dos mais violentos da ditadura militar. Nele, podemos conhecer Jofre Godoi da Fonseca, um trabalhador de classe média casado e com dois filhos. Logo no começo do filme, ele divide um táxi com um militante de esquerda sem nem saber e é visto como um membro da oposição por causa disto. Os torturadores gritam para que o táxi pare e os dois saiam dali, porém o pedido não é aceito e há uma troca de tiros entre o militante e um torturador. O militante é morto e Jofre é preso e sofre inúmeras sessões de tortura durante dias.
Pelo contexto em que a obra foi produzida, em 1982, ainda no regime militar mesmo que se enfraquecendo e caminhando para o fim, é extremamente claro que a obra inicialmente foi vítima de uma tentativa de censura baseado no tópico D do artigo 41 da Lei 20.943, de 1946, que permitia a intervenção quando a obra tivesse a capacidade de incitar algo contra o regime que estava vigente, a ordem pública, autoridades e agentes. Porém, acabou sendo liberado sem nenhum tipo de cortes apenas em 14 de fevereiro de 1983.
Apesar de se tratar de uma ficção, o filme mostra de forma corajosa e sem pudor a violência que corria com intensidade pelo cantos do Brasil durante os anos do regime (ou ditadura militar, porém vale ressaltar que os dois termos estão historicamente corretos de se usar) e como essa brutalidade dos militares foi colocada de baixo dos panos com as comemorações da vitória da copa de 1970.
Um lado que assistiu a obra a acusa de inocentar demais os militares que constantemente violavam os direitos humanos nos anos de chumbo, todavia, o filme não se há nenhum vestígio de proteção a violência cometida por militares, pelo contrário, ele não usa nenhum filtro para mostrar aos espectadores dos cinemas ao mostrar tamanha brutalidade cometida por militares, fazendo grandes críticas a esse governo torturador usando uma história que é fictícia, porém em um contexto histórico que realmente existiu.
Não é nada mais do que merecido o filme estar entre os cem melhores filmes nacionais com uma lista feita pela Associação Brasileira de críticos do cinema, aliás, um filme que se propõe a exibir o que assolava o país contra a oposição como um dos primeiros merece tal posto. O filme também deve ser mostrado em escolas e aulas sobre tal regime como forma de abordar este tema usando o cinema, ensinando sobre uma narrativa que foi real e que tirou a vida de vários.