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    A Ovelha Negra
    Média
    3,8
    39 notas
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    6 Críticas do usuário

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    Lúcio T.
    Lúcio T.

    566 seguidores 242 críticas Seguir usuário

    4,5
    Enviada em 3 de outubro de 2016
    Um drama SEM IGUAL! E não digo isso por ser o melhor já visto até hoje, mas pelo enredo diferente que o diretor (e roteirista) Grímur Hákonarson (quem?) nos presenteia de forma precisa! Quem deseja assistir algo realmente diferente, pode apertar o "play"! Não é sobre desilusão amorosa, não é sobre doenças em humanos, não é sobre vingança, não é sobre perder bens, não é sobre corrupção seja qual for. Oxi, sobre o que é então? Sobre um povoado na Islândia, com foco em dois irmão..... Incrível! Passamos a conhecer uma outra cultura e seus hábitos, dificuldades (como a solidão) e apreciamos toda a beleza da paisagem do local (mesmo sendo um ambiente hostil). Por mostrar os costumes, é apresentado uma narrativa leeeeenta, mas crível e cativante. Confesso que toda a trama me comoveu mais devido à lembranças pessoais (o estilo europeu, a dificuldade entre os irmãos e a vontade de morar fora da cidade grande), mas atrevo em dizer que é sim uma boa escolha. No arco final, certo acontecimento já é de se esperar e seu desfecho fica a critério do espectador (e pode não agradar, eu mesmo esperava algo.....diferente) e é incrível como sempre torcemos pelo melhor, independente da situação. A atuação do elenco está de parabéns, pois suas caras e bocas trazem certo humor (mesmo que sarcástico) e comove quando necessário. E a Trilha Sonora? Cada vez mais gosto do som das sanfonas (olha o sangue português falando alto) e aqui ela eleva o gênero dramático, trazendo boa (e única) música aos ouvidos de quem aprecia tais melodias de filmes. Desta vez, é no título original que temos dois nomes, um em inglês e outro na língua nativa (Rams e Hrútar). Agora, sobre os protagonistas, todo "mistério" envolvendo os dois.....bom, melhor chamar a Dana Scully e o Fox Mulder (do seriado ARQUIVO X e música tema tocando ao fundo) para resolverem, pois em qual família não existe uma "ovelha negra" que gosta de causar?...
    Bruno Campos
    Bruno Campos

    598 seguidores 262 críticas Seguir usuário

    4,5
    Enviada em 23 de março de 2016
    Excelente. Retrato belíssimo sobre uma pequena e pacífica sociedade na Islândia, toda organizada em torno da criação de ovelhas. A relação entre 2 irmãos vizinhos q não se falam há 40 anos é evidenciada a partir de um concurso e de uma doença nos animais. Preciso, econômico, desfecho intenso e sem barulho. Premiado em Cannes.
    Adriano Côrtes Santos
    Adriano Côrtes Santos

    706 seguidores 309 críticas Seguir usuário

    4,5
    Enviada em 16 de fevereiro de 2019
    Segundo longa do diretor islandes Grímur Hákonarson Ovelha Negra nos conta o drama cômico de dois irmãos Gummi (Sigurður Sigurjónsson) e Kiddi (Theodór Júlíusson) separos por 40 anos de divergências e que são obrigados a viverem como vizinhos criadores de ovelhas. Grímur com um olhar quase documental registra as agruras desses ressentimentos e a possibilidade de um acordo quando seus rebanhos se veem ameaçados por um vírus. Um drama familiar aguçadíssimo com a realidade da Islândia onde falar de ovelhas é uma deixa para falar de homens, como disse o próprio diretor.O final vislumbra uma redenção com um imensa carga emocional. Fábula minimalista sobre a resistência de um pequeno país insular.O longa ganhou o prêmio principal da mostra Un Certain Regard do festival de Cannes de 2015. Imperdível.
    cinetenisverde
    cinetenisverde

    28.179 seguidores 1.122 críticas Seguir usuário

    4,0
    Enviada em 17 de janeiro de 2017
    Esse filme cria uma dualidade bem curiosa entre ovelhas e criadores de ovelhas. Vivendo em um vilarejo minúsculo, onde mulher não é algo fácil de se achar, a história dos dois irmãos que são vizinhos e não se falam por quarenta anos evoca a questão de que ovelhas estamos falando, e qual delas é negra.
    anônimo
    Um visitante
    4,0
    Enviada em 26 de fevereiro de 2016
    Após um longo tempo sem grandes reformulações no cinema nórdico desde os filmes mudos do início do século, a década de 50 trouxe um renascimento para o cinema daquela região - especialmente na Suécia, mas em toda a Escandinávia - pela criatividade de diretores como Bergman e Dreyer, aliada a beleza das paisagens rurais e urbanas, explorando temas como o melancolismo, amor e o sentido para a vida, através de dramas que se tornaram verdadeiros clássicos da Sétima Arte. Após o marcante Dogma 95, os anos 2000 trouxeram liberdade e amadurecimento para que os países da região estabelecessem seu cinema nos mais diversos gêneros, como terror e comédia. E um dos países que mais desenvolveu a comédia como gênero principal do seu cinema foi a Islândia, através de filmes como ‘The Icelandic Dream’ (2000) e ‘Bjarnfreðarson’ (2009).

    ‘A Ovelha Negra’ é o segundo filme do diretor islandês Grímur Hákonarson, que conta a história de dois irmãos vizinhos, Gummi (Sigurdur Sigurjónsson) e Kiddi (Theodór Júlíusson), que vivem em um vale isolado na Islândia e são tradicionais cuidadores de ovelhas, como a maioria dos habitantes daquela região. Logo descobrimos que os irmãos não se falam a incríveis quarenta anos e participam como rivais de um Festival que premia a melhor ovelha do vale. Mas a situação entre os dois fica realmente insustentável quando Gummi acusa a principal ovelha de Kiddi de estar com “scrapie” - uma doença infecciosa e contagiosa, neurodegenerativa que leva os animais ovinos e caprinos (mais suscetíveis) à morte. Todo o vale entra em pânico pela gravidade da acusação e se preparam para decidir se sacrificam todos os animais da região, e isso também aflora a rivalidade entre os dois irmãos, gerando ainda mais animosidade na sua relação.

    O roteiro escrito pelo próprio Hakonarson é de uma sutileza muito agradável. De forma paciente, as ações e diálogos comedidos dos personagens vão dando as informações que o espectador precisa para compreender o que se passa na história, sem exageros ou didatismo, aguçando mais a curiosidade e o interesse pelo filme. Além do drama que é a história em si e de situações cômicas utilizadas em alguns momentos, essa escrita paciente adiciona à trama um tom de mistério, que agregado ao clima inóspito e "branco" do inverno islandês, remete a clássicos como ‘Fargo’ (1996), por exemplo. Quem pensa que uma simples história de dois irmãos cuidadores de ovelhas não tem nada a oferecer, precisa refletir mais sobre isso, pois através de uma estrutura bem montada e que vai revelando aos poucos a trama ao espectador, o diretor consegue passar a bela mensagem que queria, sendo capaz de gerar uma grande resposta emocional na plateia no final das contas.

    A fotografia do norueguês Sturla Brandth Grøvlen é excepcional e funciona muito bem dentro do contexto do filme, deixando claro ao espectador o local onde a história se passa, as características daquela população, seus hábitos peculiares, tornando os personagens "reais" dentro do filme. Sturla já havia ficado conhecido recentemente pela fotografia do filme ‘Victoria’ (2015), que é todo filmado em apenas um plano de 2 horas e 14 minutos! Após o ótimo trabalho em ‘A Ovelha Negra’, o jovem cinematógrafo desponta como um dos mais promissores profissionais europeus a se observar daqui para a frente. Todo o elenco também tem uma contribuição sensacional, passando verossimilhança ao filme, com destaque para o protagonista Gummi (Sigurdur Sigurjónsson), que consegue compor um personagem claramente incomodado com algo no passado, mas aparentemente aberto a uma reaproximação, embora não faça a mínima ideia de como conseguir isso. Além do trabalho de direção de arte que é excelente também, vestindo adequadamente os ambientes como celeiros, casas e a própria caracterização dos personagens.

    ‘A Ovelha Negra’ foi o candidato islandês ao Oscar, mais ficou de fora dos cinco indicados finais - e tinha totais condições de ser estar presente, diga-se de passagem - embora já tenha feito sucesso ao ser premiado no Festival de Cannes. Hakonarson sabe como explorar a paisagem cinematograficamente, utilizando planos bem abertos do cenário exótico da região e explorando bastante a profundidade de câmera quando possível. A utilização do ambiente remoto e frio melhora ainda mais a experiência de ver o filme e serve como analogia para a relação entre os dois irmãos, solitários e impassíveis com relação ao externo de suas próprias vidas, embora sempre ligados pelo (óbvio) parentesco, pela vizinhança que dividem, e pelo gosto e amor aos mesmos animais, as ovelhas. Ou seja, por mais que queiram se esquivar um do outro, a convivência entre eles é inevitável. Talvez o único "defeito" no filme, esteja no ritmo um tanto arrastado da história, que requer do espectador um pouco mais de paciência, mas como a duração do filme não é longa (1 hora e 33 minutos), isso não chega necessariamente a incomodar. Para quem procura ser surpreendido com uma bela história, é um excelente filme, que mescla drama, humor e mistério na medida certa, e ainda é capaz de emocionar.
    Vikingbyheart
    Vikingbyheart

    2 seguidores 20 críticas Seguir usuário

    4,0
    Enviada em 8 de junho de 2016
    Alguns filmes além de nos presentear com uma experiência cinematográfica belíssima ainda nos permitem ampliar a nossa visão de mundo conhecendo um pouco da cultura de outros povos. No longa-metragem islandês Hrútar (no original) ou A Ovelha Negra (em português) somos apresentados ao país do fogo e do gelo e agora também das ovelhas! Do gelo por se situar junto ao Círculo Polar Ártico, com as suas numerosas geleiras, de onde correm inúmeros rios, do fogo por ser o país que possui a maior quantidade de vulcões ativos, além dos gêiseres e das fontes de água quente, e das ovelhas por lá existirem mais ovelhas e carneiros do que seres humanos.

    A história é um drama existencial. Em um vale isolado na Islândia, Gummi (Sigurður Sigurjónsson) e Kiddi (Theodór Júlíusson) vivem lado a lado, dedicando-se às suas ovelhas, que carregam uma linhagem antiga no país. Embora compartilhem a terra e o modo de vida, eles não falam um com o outro há 40 anos. Logo após um concurso anual de melhor carneiro, uma doença infecciosa e neurodegenerativa fatal é descoberta em um dos carneiros de Kiddi, colocando todo o vale sob ameaça. As autoridades estabelecem que a região ficará sob quarentena, decidindo abater todos os animais na área para conter o surto. Esta é quase uma sentença de morte para os agricultores, cujas ovelhas são a sua principal fonte de renda. Como a comunidade local só vive em função da criação desses animais, muitos fazendeiros optam por abandonar as suas terras, mas Gummi e Kiddi não desistirão tão facilmente. Com as autoridades fechando o cerco para evitar que a contaminação se alastre, os irmãos terão de se unir para salvar sua longeva e premiada linhagem de ovelhas, além deles próprios, da extinção.

    Em seu primeiro longa-metragem de grande expressão o diretor e também roteirista Grímur Hákonarson constrói, com muita habilidade, uma trama envolvente, de narrativa lenta e enfoque psicológico-emocional. Progressivamente o espectador vai sendo cativado pela história e pelas dificuldades dos dois personagens protagonistas, sejam elas de convivência ou de sobrevivência. O clima de tragédia presente no filme aumenta conforme o inverno se aproxima e aqui temos que ressaltar o ótimo trabalho do diretor de fotografia Sturla Brandth Grøvlen. Com a utilização de muitos planos abertos, acompanhamos sem dificuldade a trajetória dos personagens e as difíceis condições que enfrentam. Contemplamos a belíssima e peculiar paisagem de uma região que sai de um ambiente vibrante e de tonalidade verde para outro branco e seco, de aparência inóspita e isolada, onde a presença do frio intenso e da neve retratam a solidão e o exílio. A trilha sonora pontua todo o filme, ficando cada vez mais melancólica com a mudança de estação.

    A ovelha negra é um filme sobre a relação do homem com os animais, com o seu habitat e com o seu eu interior. Mais do que perder as condições de vida e de trabalho, perder suas ovelhas significa perder a sua identidade, o seu modo de vida, perder a essência daquilo que o faz ser o que você é.
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