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    Filho de Saul
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    3,7
    120 notas
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    20 Críticas do usuário

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    Anine W.
    Anine W.

    9 críticas Seguir usuário

    4,0
    Enviada em 19 de fevereiro de 2016
    Um filme pesado, muito pesado, como já foi dito. Não só pelas cenas chocantes e inconcebíveis a um ser humano, mostradas (e já vistas em outros tantos filmes sobre a Segunda Guerra Mundial), porém aqui mais chocantes ainda, por mostrarem não só a mortandade em massa, o genocídio, mas os detalhes de
    como FUNCIONAVA toda a engrenagem da máquina da morte, ou "Situação Final": as câmaras de gás.
    Tudo funcionava sob o comando cruel, através do terror (prisioneiros executados sucessivamente às centenas por dia ou, individualmente, por simples prazer), dos berros constantes e bem audíveis dos soldados alemães, e da fraqueza física e psicológica. Muitas cenas foram desfocadas ou apareciam pela metade, para não se transformarem em algo extremamente mórbido. Este não era o objetivo do diretor.
    O protagonista, Saul, era um Sonnderkomando, homens escolhidos aleatoriamente para fazer todo do serviço pesado, "sujo" de recepção aos prisioneiros desde a chegada em caminhões ou trens, obrigá-los a tirarem toda a roupa rapidamente, fazerem fila homens, mulheres e crianças misturados, recolherem no meio de suas roupas os objetos de valor (principalmente de ouro), enquanto um soldado falava em voz alta: "Rápido, tomem o banho, porque a sopa está esfriando!" E as pessoas, sem saber absolutamente o que estava acontecendo e porque estavam naquela situação, eram empurradas às centenas para dentro das câmaras de gás. Depois os sonnderkomandos fechavam as portas e aguardavam para recolher os corpos, arrastá-los pelo chão, empilhá-los num caminhão, que saiam rumo à etapa seguinte que era a cremação (havia outro grupo específico para esta "tarefa"), e, por fim, lavar tudo bem esfregado, porque o grupo de prisioneiros seguinte já aguardava sua vez. A estas cenas eu nunca tinha assistido de forma tão real. As cenas eram focadas a partir do personagem principal, Saul, num campo reduzido, quase que o tempo todo. Isto torna o cenário mais claustrofóbico. Esta situação diária a que estes homens eram submetidos, obrigados, transformou Saul em um ser letárgico, sem emoção visível, numa defesa de sua mente. Afinal, que ser humano sobreviveria incólume a tanta atrocidade? Mas todo este "esquema" repetitivo é quebrado por um menino que sobrevive (por pouco tempo). Saul, sem demonstrar qualquer sentimento de dor, inicia uma jornada constante e obstinada pelo enterro de forma digna e condizente com sua religião (que é a de enterrar o corpo com a benção de um Rabino). Para concretizar este seu pensamento fixo, e agora único objetivo de vida, empreende verdadeiras peripécias, arriscando sua vida e a de seus companheiros, sem pensar em mais nada. O personagem, até então muito bem caracterizado pelo ator Géza, perde-se um pouco na tentativa de compor um "pai" (no filme isto fica duvidoso, porque ele afirma que é, mas seus companheiros dizem: "mas você não tem filhos!") obstinado à procura do rabino para fazer o enterro. Falha do diretor (aliás, muitas falhas ou "furos" deixados) que dificultam ao expectador ter empatia total pelo personagem. No meio de um movimento de resistência e tentativa de fuga de seus companheiros de grupo, num trabalho de verdadeiras "formiguinhas", conseguindo um feito aqui, um material ali, com imensas dificuldades e perigos, ele se mostra TOTALMENTE INSENSÍVEL E ALHEIO, batalhando unicamente em prol de seu objetivo. NADA MAIS IMPORTA, nem mesmo sua vida.
    A forma como tudo se desenrola, situações "mal contadas", como quando, do nada, larga seu trabalho de limpeza, sai e sobe num caminhão com um grupo responsável por executar tarefa diferente da dele e NENHUM SOLDADO LHE PERGUNTA: "onde você está indo? quem lhe deu a ordem?" Por muito menos, alguns foram fuzilados, sem tempo de responder. O diretor provavelmente quis mostrar um judeu convicto de suas crenças religiosas, capaz de qualquer coisa para realizar aquilo que considera certo. Este fanatismo leva o personagem a uma situação para FORA de todo a cruel realidade mostrada no filme, que é o extermínio em massa dos judeus e outras minorias, consideradas inferiores pelos algozes alemães do Terceiro Reich, como que em uma atuação em paralelo, um filme dentro de outro filme. Transforma o personagem em um ser único, independente, solitário em sua luta particular e egoísta. Não é possível a empatia com uma pessoa assim. Culpa maior do diretor que não soube integrar as duas situações paralelas, possíveis, porém mais próximas a um devaneio, a uma fuga do real, a uma imaginação beirando à loucura. Na cena final, é possível entender o personagem Saul, sua última vontade. Mas o filme em si deixa muitas interrogações, muitas incongruências, muitas incoerências, muitas falhas do tipo amadoras, como quando Saul, vestindo seu casaco marcado com o "X" vermelho às costas, relativo a sua função, sai, se infiltra em grupo com função diferente (para procurar um rabino), sendo o único com o "X" no meio deles, e fica incólume, sem ser questionado..
    Rodrigo G.
    Rodrigo G.

    1 crítica Seguir usuário

    4,5
    Enviada em 16 de fevereiro de 2016
    Meu deus, que filme pesado. Bastante audacioso, ainda mais por ser o primeiro longa do diretor, e consegue ser único e original em um tema que já foi tão explorado em filmes.

    A proporção de tela em 1:37:1 em planos longos e fechados, onde só se vê o personagem principal em primeiro plano e o resto tudo fora de foco, te deixa completamente imerso no filme e dá uma sensação de confinamento desconfortável durante a obra inteira. Vemos o horror de Auschwitz em volta de Saul pelo seu ponto de vista, mas vemos pouco. Vemos mais o sofrimento do cara, de perto.

    O filme inteiro é composto por curtos e nervosos sussurros alternados com gritos desesperados dos presos ou agressivos dos alemães, te deixando nervoso do começo ao fim, parece que você está lá no meio. É um filme difícil de assistir, incomoda muito, mas é uma obra prima.
    Rodrigo B.
    Rodrigo B.

    3 críticas Seguir usuário

    1,0
    Enviada em 14 de fevereiro de 2016
    Adoro filmes sobre a 2a guerra (A Lista de Schindler, O menino do pijama listrado, O pianista, dentre outros). Mas este é um péssimo filme! O roteiro é ruim, o ator tem a mesma expressão o filme inteiro, não há trilha sonora, é muito cansativo. Decepcionante. Não sei como foi indicado a melhor filme estrangeiro.
    Abenon M.
    Abenon M.

    1 crítica Seguir usuário

    5,0
    Enviada em 11 de fevereiro de 2016
    Saul (Géza Röhrig) é uma espécie de Antígona moderna. Como a personagem de Sófocles, ele tem que escolher entre obedecer a lei da Pólis, no caso o estado totalitarista, ou a lei da Oykós, no caso a da familia e da tradição judáica.
    Nelson J
    Nelson J

    48.283 seguidores 1.703 críticas Seguir usuário

    2,5
    Enviada em 10 de fevereiro de 2016
    Fui assistir com muita expectativa devido a indicação ao Oscar. Muito abaixo do esperado, pois Labirinto de Mentiras não indicado e As 5 graças são muito superiores.
    Neste filme sobre o holocausto, um judeu húngaro trabalha na limpeza da câmara de gás e do incinerador. Uma vida muito dura a espera da chegada da sua vez para ser morto também. Em uma destas limpezas de câmara, um jovem sobreviveu e os nazistas o asfixiam e pedem autópsia. Neste momento, Saul resolve que este corpo deve receber a oração de um rabino e ser enterrado apropriadamente, o que causa muita confusão e mortes, mas esta ideia fixa o leva a afirmar que era seu filho, embora ninguém tivesse notícia de ele ter um filho. No final, todos morrem durante uma fuga e o corpo do menino é levado pela correnteza de um rio.
    O filme trata da falta de propósito e vazio destas vidas de limpadores de câmaras no aguardo das suas próprias execuções. Esta oração de rabino e enterro são os únicos propósitos da vida de Saul.
    Há sequências tipo videogame e falta total de carisma dos personagens centrais, o que torna o filme exaustivo e pouco interessante.
    Marco G.
    Marco G.

    516 seguidores 244 críticas Seguir usuário

    4,5
    Enviada em 7 de fevereiro de 2016
    O favorito ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Com um cinema moderno de câmera no ombro em movimento, coloca o espectador dentro de Auchwitz. Sufocante.
    Stanislaus  Kat
    Stanislaus Kat

    21 seguidores 82 críticas Seguir usuário

    4,0
    Enviada em 6 de fevereiro de 2016
    Um drama produzido na Hungria, que retrata, sob o ponto de vista de um prisioneiro (Saul Ausländer), o cotidiano dos' Sonderkommandos' no campo de concentração de Auschwitz. 'Sonderkommandos' eram prisioneiros judeus usados pelo regime nazista em diferentes atividades nas fábricas da morte. A maneira como a câmera foi usada faz com que o espectador se sinta dentro desse cotidiano tenebroso, podendo para algumas pessoas ser uma experiência quase insuportável. Um excelente filme que mostra de uma maneira diferente o Holocausto, fazendo jus aos prêmios que vêm ganhando.
    magelpi
    magelpi

    4 críticas Seguir usuário

    4,5
    Enviada em 6 de fevereiro de 2016
    Favorito ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Com um cinema moderno de câmera no ombro em movimento coloca o espectador dentro de Auchwitz. Sufocante.
    anônimo
    Um visitante
    4,5
    Enviada em 6 de fevereiro de 2016
    Talvez a obra mais conhecida do escritor grego Sófocles seja a peça “Édipo Rei”, que posteriormente se tornaria um dos conceitos fundamentais da psicanálise para Freud e já inspirou de certa forma alguns filmes, como por exemplo, ‘Chinatown’ (1974). Mas há outra peça do dramaturgo chamada “Antígona”, que é igualmente capaz de levantar uma relevante questão a ser discutida: "Devemos obedecer antes a lei divina ou a lei dos homens?". Na peça, Antígona quer enterrar de forma digna e de acordo com suas crenças o corpo do seu irmão Polinice. Entretanto, este desejo vai contra a vontade do Rei Creonte, que havia determinado que o corpo de Polinice deveria ficar exposto às aves e aos cães. Sabendo que não havia nenhuma lei dos deuses que a impedisse de seguir suas crenças, além de um capricho do rei, Antígona decide ir até o fim e proporcionar um sepultamento digno para o seu irmão.

    Mesmo com algumas claras semelhanças com a peça “Antígona”, o diretor de ‘O Filho de Saul’ Lázló Nemes afirma que, juntamente com sua co-roteirista Clara Royer, não haviam pensado em fazer um filme inspirado na peça de Sófocles, apesar de reconhecer que a essência de ambas as histórias é a mesma, bem como a motivação de seus protagonistas. Neste drama situado próximo ao fim da Segunda Guerra, Saul (Géza Rohrig) é um dos prisioneiros responsáveis por queimar os corpos dos mortos pelas câmaras de gás, além de precisar limpar o local para a chegada de mais e mais corpos para a execução. Obviamente, lá não é um lugar para sugestões ou pedidos, mas ao ver o corpo de um jovem garoto, Saul decide pedir ao médico a chance de sepultá-lo de acordo com sua crença judaica, afirmando que o mesmo é seu filho. Fica dividido, portanto, entre participar de uma resistência que surge entre os prisioneiros ou seguir a idéia extremamente arriscada de enterrar o garoto, pois para fazer isso direito, ele precisa encontrar um rabino que o ajude.

    Ciente de que não há glamour nenhum nas atrocidades de um campo de guerra, algumas escolhas do diretor ajudaram o filme a ganhar uma visceralidade extremamente íntima, como se o espectador estivesse na "pele" do protagonista. Algo que de imediato já fica bem claro ao observador mais atento foi a escolha de filmar em um formato mais "fechado" que o cinema amplo convencional (1.37:1 ao invés do tradicional 2.35:1). Durante um dia e meio em que acompanhamos Saul e sua história, a câmera praticamente não sai do rosto do protagonista, alternando momentos onde vemos suas reações com literalmente seu ponto de vista na trama (o que ele vê). A lente escolhida cria uma sensação de pouca profundidade nas imagens, como se emulasse o limitado campo de visão de um ser humano e mesmo que não vejamos tudo por conta deste campo de exposição limitado, as lamúrias e a agonia de quem está sofrendo ali ecoam nos ouvidos, se aproveitando da intencional "falta" de trilha do filme, mostrando o verdadeiro inferno que é aquele lugar, sendo que além disso, nas cenas externas filmadas foram utilizadas apenas a luz natural ambiente. O resultado de tudo isso é um dos retratos mais realistas e intensos de um campo de concentração na história do cinema, talvez superando até filmes consagrados como ‘Império do Sol’ (1987), por exemplo.

    Géza Rohrig, um poeta húngaro que vivia nos EUA, foi convidado para um teste pelo seu amigo e diretor Nemes para um papel de apoio no filme, e apesar de não atuar desde o final da década de 80, quando participou de uma produção para a TV, impressionou tanto que acabou ficando com o papel de Saul no filme. E sua atuação é impecável. Com seu jeito calado, Rohrig consegue entregar um personagem misterioso e obstinado, que não tem controle de tudo à sua volta, uma combinação que caiu como uma luva para o filme. O restante do elenco é bastante eficiente e a produção, fotografia e parte técnica, embora tenham um ar rústico e minimalista, detalham e decoram muito bem o ambiente onde a trama se passa. Apesar de ser o longa-metragem de estréia do diretor, este estilo de câmera focada no protagonista vem desde seus curtas do início da carreira, e demonstram o domínio desta técnica de filmagem por parte de Nemes.

    O ponto central do filme, que se conecta com a questão filosófica de Antígona, pode ser interpretado como uma redenção para Saul. O filme deixa muito à interpretação, e é claro que não vou revelar spoilers, mas há um dilema moral que Saul enfrenta, entre a lealdade à sua causa ou a consideração ao bem-comum, de ajudar seus companheiros a escaparem daquele terror sem fim. Em um drama como este, as escolhas têm um peso muito grande e irreversível, e isso não vale apenas para o nosso protagonista. Como filme de estreia, o trabalho de Lázló Nemes é extremamente surpreendente e preciso. Fica claro que o diretor sabia exatamente o que queria extrair do projeto, com um “plot” simples e conciso, mas um roteiro bem amarrado e uma direção muito segura. Quando eu acreditava que a Segunda Guerra já havia esgotado todas as possibilidades no cinema, ‘O Filho de Saul’ surge como um dos melhores filmes na história sobre o tema, um retrato íntimo e intenso sobre até onde um homem pode ir para ser leal às suas crenças e fazer o que acha que é certo mesmo quando tudo parece perdido. Um futuro clássico do gênero com certeza.
    Thiago C
    Thiago C

    164 seguidores 152 críticas Seguir usuário

    4,0
    Enviada em 5 de fevereiro de 2016
    O olhar tenso, mas cansado, do sonderkommando vivido por Géza Röhrig. Os planos-sequências com seus segundos planos desfocados, poupando-nos do horror dos campos de concentração, mas não nos impedindo de imaginá-lo. Uma experiência claustrofóbica bem executada enquanto um homem percorre o horroroso cenário de Auschwitz em busca de dignidade. Obrigatório para quem se interessa por produções sobre a Segunda Guerra Mundial.
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