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    Mulan
    Críticas AdoroCinema
    3,0
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    Mulan

    Um espetáculo que não impressiona

    por Katiúscia Vianna

    pandemia do Coronavírus afetou completamente o calendário de lançamentos nos cinemas neste ano. Grandes blockbusters tiveram que ser adiados, enquanto outros também encontraram seu lar no mundo dos streamings. É o caso de Mulan, uma das grandes apostas de 2020, que não chega ao Brasil pelas telonas, mas sim pelo catálogo do Disney+.

    Em sua essência, a história segue a mesma da animação de 1998: Mulan (Liu Yifei) é uma jovem corajosa, que decide assumir o lugar de seu pai debilitado numa guerra, para salvar a China de um grupo de invasores. Alguns detalhes se transformam nessa versão, como os inimigos guerreiros Rouran, que buscam vingança contra o Imperador (Jet Li), e são auxiliados por uma misteriosa bruxa, Xianniang (Gong Li).

    Mulan causou polêmica ao ser diferente da animação

    Desde antes de seu lançamento, Mulan já vinha causando polêmicas. Afinal, a diretora Niki Caro (Terra Fria) optou por fazer uma versão mais realista da lenda chinesa. Ou seja, nada de famosas canções — "Reflection" é apenas uma referência na trilha sonora instrumental, por exemplo. Ao mesmo tempo, outras características icônicas do desenho ficaram de fora, como o adorado dragão Mushu. As comparações com a animação de Tony BancroftBarry Cook serão inevitáveis, mas não deveriam acontecer.

    A proposta de Caro é trazer uma narrativa bem diferente daquela que já conhecemos, ao contrário de outros remakes recentes da Disney, como A Bela e a Fera e O Rei Leão. Tanto que o novo Mulan nem parece ser um filme da Disney, mas sim uma aventura de guerra. São poucos os momentos de alívio cômico e existe um clima dramático de tensão durante todo o filme — algo também muito bem representado pela performance contida de Liu Yifei.

    Nesse quesito, a diretora tomou a decisão certa de não colocar as músicas na narrativa, por mais que sejam canções icônicas. Não é o mesmo estilo. Ela tentou criar uma proposta mais épica, com o clima de espetáculo presente num grande blockbuster. Tudo é muito grandioso: o numero de figurantes e figurinos, as paisagens, os cenários... Cria um grande show para os olhos. Porém, não encontra o mesmo sucesso na hora de conquistar o público com o roteiro superficial. E não estou falando apenas das polêmicas envolvendo a China. Parece que ficaram mais preocupados com os aspectos visuais e as jogadas de câmera, sem dar atenção necessária para a alma da história.

    Mulan impressiona visualmente, mas peca no roteiro

    Um exemplo fica claro na construção de Mulan. Na animação original, o público acompanha sua transformação numa guerreira, através de muita luta e treinamento, se tornando um ícone feminista por mostrar como é tão capaz quanto seus colegas homens. Já no remake de Caro, a protagonista é "abençoada" desde pequena com o "chi", algo que lhe dá habilidades surpreendentes. Ou seja, vira basicamente uma história de origem de super-herói, perdendo parte da humanidade marcante de tal jornada.

    Outra conexão que poderia ser mais explorada é o elo entre Mulan e Xianniang, uma ideia criativa do roteiro, mas que perde espaço para um vilão vazio interpretado por Jason Scott Lee. Felizmente, as participações de Donnie YenYoson An — como o Comandante Tung e o soldado Chen Honghui — são charmosas e acrescentam um pouco frescor para a trama sóbria.

    Por fim, Mulan não se perde por fugir da animação original, mas por se levar a sério demais, construindo um filme que é entretenimento, mas não apaixona.

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