“Animais Noturnos” tem um charme que poucos terão a percepção de notar, é como se fosse uma casca dentro de uma casca, você tem que o abrir duas vezes, com boas atuações e ótimos recursos técnicos, com uma cena de credito inicial que satiriza o o americano de uma maneiro visceral – embora desconexa com o restante do filme- temos aqui uma ótima obra esquecida pelas grandes premiações. Contemplem a historia de Susan (Amy Adams), que após um dolorosa ruptura com seu marido há 20 anos atrás se vê pensando nele constantemente, principalmente após receber um manuscrito do mesmo. Acho que não existe nem o que se pode ser reclamado em relação ao enredo, pois ele usa mais da subjetividade visual do que de roteiro, o roteiro é muito bem auto explicativo e mesmo com apenas duas horas de filmes, já é o suficiente para desenvolver todos os personagens, podemos até ter um final dubio que pode nos fazer questionar a qualidade do mesmo, mas após um pouco de reflexão, você ira desistir dos questionamentos. O filme tem uma moral que fala sobre a fraqueza do ser humano, e fraqueza aqui em questão é explorada de todos os lados, deste a física a de espirito, passando pela psicológica a emocional, todos os personagens em algum momento experimentam essa fraqueza (vou falar mais sobre isso na parte de spoiler), o filme também contem diversas criticas extremamente clichês ao modo de vida americano e ao conservadorismo. A fotografia deste filme é simplesmente linda, com muitos tons de azul e cinza, é uma fotografia pesada, tensa, carregada, e como se ela pesasse nos ombros de nossos personagens, com ousados ângulos de câmera, lotados de planos abertos e câmeras subjetivas que passeiam pelo cenário, Tom traz muitos ângulos interessantes, e agora uma coisa do filme que me tocou, e muito, sua trilha sonora, ela é tão simples e ao mesmo tempo tão complexa e linear, ela conversa muito sobre o filme, e quando a escutamos, é quase um convite a refletir sobre o que está sendo mostrado em tela. Temos aqui 2 atores sensacionais, que cumprem com o esperado em seus papeis – embora nada que anime muito, embora Jake esteja excelente- atores esses que são Amy Adams Jake Gylenhaa (que interpreta 2 personagens diferentes), mas quem acaba roubando completamente a tela é Michael Shannon e Aaron Taylor-Johnson, com seus espetaculares detetive e psicopata. Por fim, o filme do experimental Tom Ford divide completamente a critica mundo a fora, mas ao menos para mim, o filme é excelente pela sua simplicidade, honestidade, clareza e beleza como trata seus temas.
Uma das coisas que dividem a critica é o seu final, e a graça deste final, é que ele poder haver milhões de interpretações, essa é a graça da arte, cada um entendeu de uma maneira diferente, para mim, o personagem de Jake só quis mostrar que aquela parte fraca dele não existe mais, ele escreve o livro como uma forma de vingança sobre o aborto realizado por Susan, pois o livro fala sobre o que ele passou ao ter perdido a filha, mas de uma maneira extremamente exagerada, temos todos os estágios, a dor, o sofrimento, o arrependimento e a aceitação, e no final quando Susan o convida para o ver, ele não vai, pois aquele cara que aceitou o o sofrimento provocado por Susan morre junto com seu personagem do livro.