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    Sharknado - Corra Para o Quarto
    Críticas AdoroCinema
    2,0
    Fraco
    Sharknado - Corra Para o Quarto

    Tudo pelo ridículo

    por Francisco Russo

    A internet tem seus fenômenos. Em 2013, um trailer surreal fez imenso sucesso graças ao absurdo de sua proposta: um tornado repleto de tubarões assassinos, arremessados longe, para desespero dos cidadãos incautos. Era Sharknado, telefilme escancaradamente trash que logo se tornou um ícone cultural dos tempos conectados. Diante de tamanha repercussão, com direito a campanhas inusitadas em várias edições da Comic-Con, é óbvio que as sequências não demorariam a surgir. Uma por ano, sempre seguindo a regra de ampliar ainda mais o alcance dos temíveis sharknados, sem deixar de lado o tom de galhofa explícito e, na medida do possível, criando uma certa cronologia.

    Assim chegamos a Sharknado - Corra Para o Quarto, o criativo título brasileiro para o original "The 4th Awakens", paródia clara ao recente Star Wars - O Despertar da Força. Entretanto, as referências à saga criada por George Lucas são poucas. Além de um tubarão sendo morto em pleno espaço por uma nave intergaláctica, há o clássico letreiro de início, que explica que cinco anos se passaram desde Sharknado 3. A instalação de um mecanismo chamado Astro-X estabilizou a atmosfera, de forma que os tornados não sejam mais formados. A humanidade vive em paz, até que, repentinamente, um tornado de areia se forma em plena Las Vegas. Sandnado!

    A formação de todo tipo de tornado inusitado é uma das atrações de Sharknado 4, explorada principalmente através dos anúncios alarmistas feitos por um repórter, no melhor estilo Gil Gomes. É claro que o filme não está nem um pouco interessado em justificar cada aparição; a proposta é, mais uma vez, rir do absurdo! A busca pelo ridículo é constante e alcança os mais diversos conceitos em relação ao longa-metragem: dos enquadramentos mal feitos, que sequer tentam enganar o espectador sobre como as cenas de ação foram rodadas, aos efeitos especiais toscos, por vezes beirando o risível. Isto sem falar dos inúmeros clichês explorados e da pose intencionalmente canastrona do herói de plantão interpretado por Ian Ziering, sempre a postos para salvar a família.

    De ritmo frenético, também para que o espectador não tenha muito tempo para questionar o que vê, Sharknado 4 inicia com o tal ataque a Las Vegas. Do motivo pelo qual há tubarões em pleno deserto até a descida de um carro dentro do tornado, tudo é feito de forma a buscar o escracho absoluto! Basta reparar nas formas de combate aos tubarões digitais, que recebem de socos e chutes kickboxer a ataques penianos, tudo para afastá-los o quanto antes. Este é o espírito do filme, exigindo que o espectador embarque nesta onda para que se possa aproveitá-lo.

    É interessante notar que, mesmo em meio a tantos absurdos, há um esforço para manter alguma coerência na franquia como um todo - dentro do jeito Sharknado de ser, é claro! O retorno de Tara Reid é o melhor exemplo, tanto pela explicação dada como pela forma como sua volta acontece, um verdadeiro prato cheio de referências nerds - repare na cena em que ela segura um carro, idêntica à do Superman na clássica revista em quadrinhos Action Comics nº 1. Sharknado 4, por sinal, possui várias piadas rápidas referentes a ícones pop, como O Massacre da Serra Elétrica e Christine, o Carro Assassino. O Mágico de Oz também ganha um bom espaço dentro da "história".

    Completamente absurdo e recheado de defeitos especiais, Sharknado 4 segue a lógica do quanto pior, melhor! Dentro desta proposta, a imensa quantidade de diálogos cretinos, atuações toscas e situações ridículas não deve ser considerada como algo negativo, já que este era o real objetivo da produção. Em sua busca pelo trash, o diretor Anthony C. Ferrante e o roteirista Thunder Levin demonstram ainda ter alguns cartuchos a serem gastos em meio a uma piada - tornados repletos de tubarões! - repetida à exaustão. E, pelo que o desfecho aponta, ainda vem mais por aí!

    Atenção especial à abertura de Sharknado 4, que surge logo após ao ataque de Las Vegas. Apresentada como se fosse uma história em quadrinhos, é de longe o trecho mais criativo do filme!

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