(...)Um roteiro sólido e muito bem estruturado mostra a evolução do caráter do protagonista. Hollywood é sempre ensolarada, apresentada em tons quentes e fortes. E, naturalmente, já que estamos no contexto do cinema, encontramos aí também várias referências a atores e diretores como Barbara Stanwyck, o descobrimento de Judy Garland, Billy Wilder, William Wyler, entre outros nomes que todo cinéfilo deve conhecer. Lá, Bobby é o alter ego de Woody Allen, e aí, Jesse Eisenberg foi a escolha mais do que acertada: ele é neurótico, inseguro, e tímido.
Em Nova York, por sua vez, seus edifícios imensos e localizações impressionantes, apresentadas em tons de azul e cores mais frias. É lá que, paralelamente, nós conhecemos os demais membros de sua família e sua dinâmica. Seu irmão Bem, o gangster da família, é o destaque. Ele é o personagem que traz a maior parte da comédia do filme. A maneira tão cômica como é retratada a violência e a intolerância de um gangster perigoso, é fora do comum. Até seu desfecho não deixa de ser engraçado.
Ainda, é nesta cidade que o protagonista evolui e supera a insegurança, se transformando em um empreendedor determinado e confiante. Ele sabe o que quer e não espera um segundo para ir atrás. Dessa forma, ele consegue conquistar o amor de Veronica (Lively), uma mulher que trabalha para a prefeitura e, que – “coincidentemente” – tem o mesmo nome de sua ex-namorada. Não bastasse isso, Bobby a chama ocasionalmente de “Vonnie”.
E quando a vida que construiu parece ter se completado e estabilizado, tudo muda quando Vonnie aparece em seu bar, acompanhada de seu marido.
A narrativa é desenvolvida de uma forma bastante natural, mas, se fizermos uma análise mais profunda, a história é muito mais complexa do que ela aparenta ser. Ela faz um reflexo sobre vários temas diferentes: a maturidade e a evolução do caráter de uma pessoa; as relações de família; as relações amorosas: aquela pessoa que fugiu das suas mãos, e o amor que permanece com o tempo o suficiente para questionar certas escolhas da vida.
Por fim, o filme ainda presta homenagem aos anos 30 de uma maneira nostálgica – utilizando, inclusive, musicas em vinis originais que compõem a trilha – e, ao mesmo tempo, traz um olhar crítico sobre o glamour ilusório da indústria do cinema naquela época: as fofocas, as traições, a troca de favores.
É um filme inteligente, encantador e visualmente muito bonito.
É Woody Allen sendo Woody Allen.