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    Nossa Irmã Mais Nova
    Críticas AdoroCinema
    2,0
    Fraco
    Nossa Irmã Mais Nova

    Laços de família

    por Francisco Russo

    O diretor japonês Hirokazu Koreeda tem uma predileção especial por questões familiares, como demonstra sua filmografia. É ele o responsável por Ninguém Pode Saber e Pais & Filhos, ambos premiados no Festival de Cannes, cujas histórias trazem conflitos que envolvem pais ausentes (ou de pouco interesse) e filhos que precisam lidar com adversidades repentinas. Nossa Irmã Mais Nova retorna a ambos os aspectos, mas com uma novidade: aqui, Koreeda busca desde o início a comunhão dos personagens - e apenas isto.

    A história acompanha a visita de três irmãs ao enterro do pai, em uma pequena cidade japonesa. Lá conhecem sua meio-irmã, ainda adolescente, por quem se encantam - apesar da sombra sempre existente de ser ela a filha da mulher que acabou com o casamento dos pais do trio. O convite para que a jovem venha morar com elas não tarda, o que faz com que o filme passa a focar na presença desta nova irmã em meio a uma dinâmica bem estabelecida pelas demais.

    Por mais que possua uma ambientação interessante e belas paisagens, ressaltando a beleza das cerejeiras, o grande problema de Nossa Irmã Mais Nova é que não há conflito, de qualquer espécie. Até existe uma insinuação aqui e outra ali de algo que possa vir a acontecer, mas logo estes possíveis caminhos são abandonados. Koreeda abusa do tom bucólico e ameno para apenas acompanhar o cotidiano de suas personagens principais, com leves alterações decorrentes de novos e velhos amores, perda de amigos e ressurgimento de parentes, mas nada que realmente movimente a história (ou até que tenha alguma relevância de fato).

    Além disto, há no roteiro um forte maniqueísmo em relação às personalidades das três irmãs adultas, que podem ser enquadradas nos arquétipos da jovem séria e responsável (a mais velha), a farrista e a meio avoada, no melhor estilo Phoebe de Friends. Diante do tom contemplativo da narrativa, fica até fácil para o espectador adivinhar o que acontecerá com cada uma delas.

    Conduzido por uma trilha sonora melosa, Nossa Irmã Mais Nova ainda caminha para um desfecho bastante melodramático, com direito à uma frase final que daria orgulho a Nicholas Sparks (e não, isto não é um elogio). Para um diretor que já fez filmes tão intensos e emocionantes, fica a forte sensação de decepção ao término da projeção.

    Filme visto no 68º Festival de Cannes, em maio de 2015.

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