Indo direto para minha lista de melhores do ano, Mussum, O Filmis vai muito além do que o trailer sugere e nos entrega um filme completo, que emociona e nos faz rir, às vezes os dois ao mesmo tempo, e que faz jus ao personagem retratado. Mussum foi uma dessas figuras que representam um tempo e um estado de espírito e, acima de tudo, que representa o brasileiro pobre. Ele, felizmente, superou suas dificuldades e venceu à custa de inteligência, muito talento e esforço. Sabemos que esforço e talento não bastam, é necessário oportunidades e uma base familiar. E ele teve na mãe solteira um alicerce. O roteiro do filme se ancora na relação com a mãe para estruturar o roteiro e vê, na sua história, uma maneira de inspirar jovens menos favorecidos. O diretor é Silvio Guidane, em seu primeiro trabalho como diretor de cinema, ator negro e advindo da periferia do Rio como Musssum, que usa sua experiência para trazer autenticidade às cenas. Sua escolha foi uma decisão acertadíssima, mas estão de parabéns também o roteirista Paulo Cursino, editores, figurinistas, técnicos responsáveis pelo som e, principalmente os atores. Ailton (em estado de) Graça está maravilhoso, merece todos os prêmios. Neusa Borges, que faz sua mãe, também. Os atores que interpretam Mussum criança e jovem são sensacionais. Ainda passa pela tela Chico Anísio, Elza Soares, Cartola, Dedé, Alcione, Didi, Zacarias, uma infinidade de gente famosa e identificável e todos encarnam muito bem os respectivos artistas. Arrisco dizer que essa é a melhor cinebiografia de um artista brasileiro. Se não o melhor, o mais emocionante e divertido.