"Mean Streets", antecessor da obra prima "Taxi Driver", consagra Scorsese como um diretor habilidoso, além de definir seu estilo e sua essência, assim como consolidar a ascensão do diretor na "Nova Hollywood".
O 3° longa de Scorsese tem os holofotes voltados para os novaiorquinos marginalizados (pequenos traficantes, prostitutas, apostadores, gangsters) e a perversidade nas ruas da metrópole. Assim, reflete o grande enfoque do diretor, a Nova York setentista banhada de pecados. Esse enfoque fica evidente com os elementos estilísticos utilizados: o realismo cru trazido pela produção de baixo orçamento, remetendo a Nouvelle Vague e ao Neorrealismo italiano, fontes de inspiração para a recém-nascida Nova Hollywood; a aura vermelha que banha o filme, remetendo ao pecado e a devassidão; o rock n' roll, dando adrenalina à trama e transbordando contracultura. Além disso, Martin presta uma homenagem a Little Italy e suas raízes italianas, que servem de base para as suas grandes histórias.
Assim, Scorsese consegue também um ótimo ritmo, com diálogos bem amarrados e bem humorados (sério, me peguei gargalhando inúmeras vezes durante o filme). A dinâmica das cenas também se deve as brilhantes atuações de Robert De Niro, que também se consolida como um grande ator, interpretando um enrolador profissional e especialista em se meter em furadas; e Harvey Keitel, que interpreta Charlie, um jovem ambicioso que trabalha cobrando dívidas para mafiosos.
Porém, a trama de Mean Streets não se atém somente aos bicos e brigas dos jovens; pois busca também uma dicotomia moral instaurada em Charlie, entre a sua fé católica e os pecados que comete; assim, Charlie busca resolver sua culpa por meio de penitências, com confissões e seu "truque" com a vela, simbolizando a premissa básica do "crime" e "castigo".
Logo, o primeiro grande trabalho de Scorsese é visceral, autoral e um ótimo retrato da pecaminosa Nova York.
Nota: 8.0