"Se não você, quem? Se não agora, quando?" ("Robin Hood - A Origem").
Eu já estava com vontade de assistir ao filme desde que vi o trailer, porque gosto demais do Taron Egerton. Além disso, foi fácil me identificar com a trama, já que eu sou um defensor ferrenho do implemento da justiça econômica e social, no Brasil e no mundo. Por aqui, ela ainda está longe de acontecer... E o filme fez jus a sua divulgação. Cumpre muito bem sua função de contar este clássico, de uma maneira pop e bastante didática.
Para quem não sabe, Robin Hood se trata da história de um homem da nobreza que, ao refletir sobre a maldade de poucos serem tão privilegiados, e muitos serem tão pobres e desamparados, decide roubar daqueles para dar a estes.
O filme não fala em ano, mas deixa claro se tratar de acontecimentos ocorridos durante as Cruzadas (de maneira bastante sucinta, Cruzada foi qualquer tipo de movimento de caráter militar, inspirado pelo Cristianismo, partindo da Europa Ocidental, em direção à Terra Santa e Jerusalém). Achei muito interessante ter sido frisado a não recordação de quando se deram os fatos, porque eu penso que temos uma ideia de mundo em que grandes tragédias são sempre coisa do "passado". Não. Coisas muito horríveis estão acontecendo neste exato momento, nos mais variados locais.
Nesta versão, temos um Robin Loxley (Taron Egerton) que, convocado para ir às Cruzadas, passa a lutar contra os árabes, tendo que abandonar sua mulher e suas propriedades. Aos poucos, vai observando a estupidez e futilidade de tanta violência. Acaba retornando ao seu país após ser ferido. Com o retorno, encontra sua terra natal, Nottingham, em um estado decadente, tomada pelo conluio entre o xerife e alguns membros da Igreja, com poucas pessoas vivendo em abundância de bens, e o restante da população em absoluta miséria.
A todo momento, o longa se ocupa de, explicitamente, criticar as desigualdades existentes nas sociedades, a maldade das instituições, a despreocupação de quem se encontra em posições privilegiadas e a enorme dificuldade dos mais vulneráveis em batalharem por suas causas (em virtude até mesmo da quantidade de pensamentos conflitantes, da dificuldade de encontrarem uma liderança, aceitação de propostas). O filme, claramente, investe também na ação e no romance. Aposta na incrível beleza dos atores que compõem o triângulo amoroso principal (Robin, Marie e Will) e no talento dos atores secundários: Jamie Foxx, Bem Mendelsohn e Tim Minchin. Jamie, como sempre, está fenomenal. Fez jus a Morgan Freeman, na versão com Kevin Costner. A cena é muito bonita, com fotos semelhantes a pinturas, agradáveis de serem olhadas. Apesar de terem acreditado na parte de ação, foi a única que eu diria que me trouxe alguns incômodos, porque verifiquei alguns errinhos, principalmente aquela típica falha do malvado ter que esperar o bonzinho atacar, senão ele com certeza o acertaria. Isso acontece de maneira visível. Deveria a direção ter se ocupado em não permitir esse acontecimento.
Penso e digo sempre que os filmes têm uma coisa chamada proposta. A deste Robin Hood é proporcionar um momento de diversão e reflexão. Diversão, sem dúvida, ele consegue. E, se as pessoas tiverem um pouco de boa vontade, saem da sala tendo absorvido uma mensagem muito devida e verdadeira.
Vale assistir.