Quem não gosta de música? Quem não gosta de Elis? Às vezes penso que quem não gosta de Elis é porque não conhece as canções interpretadas por ela. É praticamente unânime: Elis foi a melhor cantora brasileira de todos os tempos. Sem dúvida, seu talento era incomparável. Aqui, o filme narra sua trajetória desde que chegou ao Rio de Janeiro em 1964, vinda de Porto Alegre com o pai, encontrando sucesso retumbante, passando por inúmeros altos e baixos, até chegar o momento de sua trágica e precoce morte em 1982. Mesmo tendo morrido há mais de 30 anos, ela continua sendo ouvida e reverenciada. Andréia Horta está no papel de sua vida. Impressionante a semelhança da atriz com a Pimentinha, e claramente se percebe que ela não se valeu somente de aparência física não. É notável o trabalho de atriz, com todo seu envolvimento em gestuais, risadas e tudo o mais. Ainda no elenco, há participação de figuras conhecidas do mundo musical: Ronaldo Bôscoli (Gustavo Machado), Miéle (Lúcio Mauro Filho), César Camargo Mariano (Caco Ciocler), Jair Rodrigues (Ícaro Silva) e Nelson Motta (Rodolfo Pandolfo), só para citar os mais conhecidos. Como filme, sofre do mesmo mal das biografias de cantores consagrados que já vimos antes, como Cazuza, Renato Russo, Gonzaguinha e Luiz Gonzaga (não vi ainda o filme do Tim Maia). O mal que eu falo é o fato de ter de condensar uma história riquíssima e intensa em apenas 2 horas de filme. Dá-se pouca ênfase em partes importantes, e também se dá demasiada atenção a partes pouco interessantes. Claro que isso é algo muito pessoal e difícil de calibrar. É no mínimo estranho não ver grandes parceiros de Elis no filme, como Tom Jobim, Milton Nascimento, Gonzaguinha e Chico Buarque, só pra nomear poucos exemplos. Alguns são brevemente citados, e só. Claro que não há espaço, como já mencionei, para colocar tudo no filme, e é por isso que muitas vezes filmes biográficos são meio decepcionantes, ainda mais se pensarmos em ícones da música como Elis. Esperava ver algumas canções que nem tiveram nenhum tipo de referência. De qualquer forma, é muito interessante ver essa mulher de personalidade forte e conhecedora de seu imenso talento e carisma. As decepções no amor, as agruras frente à censura e à ditadura militar, sem contar o envolvimento abusivo com o álcool e drogas. A trilha sonora, como de se esperar, é fantástica, e toda a parte técnica me pareceu extremamente bem produzida. O final já era mais que conhecido, mas é mostrado de maneira tão brusca que causa certo grau de desconforto. Contudo, se analisarmos os altos e baixos do filme, que perde um pouco de fôlego no seu último ato, trata-se de uma importante obra, que retrata uma artista tão única quanto genial, e que por isso já se faz mais que obrigatória a conferida. Uma cantora que cantava com a voz e com o coração. Para ver e se emocionar.