Excelente produção. Um drama bem conduzido, ainda que dividido em atos apresentados em ordem inversa da história, mas que se encaixam perfeitamente para explicar o ato precedente, assim como a música de fundo, que trabalha de forma simbiótica. O enredo é forte e parece caracterizar bem a vida e costumes no oeste do século XIX, onde a lei era relativa e machista. O uso da religião como instrumento de opressão e condicionamento coletivo é mostrado claramente, e a "presença" diabólica que encarna um reverendo obcecado sexualmente, leva-o ao ato extremo de desejo de incesto, que o conduzirá por toda a história. O reverendo é o diabo em pessoa, mas toda a ação é plausível, sem uso de ficção ou do sobrenatural. É uma história real de maldade, de um lado, na forma de lobo em pele de cordeiro (parafraseando o próprio reverendo), e de coragem e resiliência humana de outro, na pele frágil, mas resistente de uma menina/mulher que busca a sobrevivência.
O tema – homem oprimindo e sobrepujando a mulher –, parece fazer parte da história humana em todos os tempos, inclusive no atual, ainda que a civilização progrida a passos largos.
Mas, enfim, é um belo drama, não no sentido visual (que, aliás, tem belas tomadas fotográficas), mas no sentido de um enredo coerente, com conteúdo, cenas fortes e que nos leva à comoção, como todo bom filme deve provocar.
Apenas para finalizar, li críticas sem argumentos ou expondo sentimentos superficiais, que denigrem o filme simplesmente por ele ser o que é, um drama forte, com conteúdo explícito, mas que faz parte da história, sem ser escatológico. E me surpreende aqueles que não gostam do tema abordado no filme, mas que o assistiu inteiro. Vai entender...!! Não é um filme para criança, mas quem gosta de drama, vale a pena.