O Garoto: Crítica AdoroCinema

Em O Garoto (1921), Charles Chaplin conta a história de um vagabundo (na verdade, "o" vagabundo) que encontra um menino abandonado pela mãe e que passa a cuidar dele num mundo repleto de ameaças e dificuldades. Uma obra linda e divertida, um dos maiores clássicos de Carlitos.

Agora, mais de 80 anos depois, chega a vez do cinema argentino produzir o seu O Garoto. É claro que não cabem comparações no que diz respeito a qualidade. Nem seria justo comparar esta pequena produção latina com um marco do cinema, mas tematicamente os filmes se encontram.

A nova produção conta a história de Gonzalo (Maximiliano García), um menino de apenas 10 anos que é abandonado pela mãe e é obrigado a cuidar a irmã recém-nascida e da bisavó, que não possui condições de cuidar dos dois. Ele vive em uma pequena vila e conta com a ajuda dos moradores locais, que conhecem sua mãe e tentam descobrir o que fazer com as crianças.

A trama é triste e melancólica, mas também possui momentos de beleza ao retratar o dia a dia de uma criança. Uma criança que sofre com os problemas da vida, mas que ainda possui a inocência e a alma de um menino, capaz de se divertir com as coisas mais simples.

O filme possui problemas de ritmo e conta com um final que peca pelo excesso de explicação. Era possível deixar mais pontas abertas para o espectador preencher, mas o longa optou pelo caminho mais simples de desenhar toda a solução. Ainda assim, conta com uma atuação memorável de García, que encanta o público com sua delicadeza e que também faz o mesmo sofrer junto aos seus problemas.

Sofía Gala interpreta Lorena, uma mulher de passagem pela cidade após seu veículo quebrar na estrada. Ela acaba entrando na vida de Gonzalo e se encantando por ele e por sua irmã. O elenco conta ainda com boas presenças de Daniel Aráoz, Susana Hornos e Federico Luppi. 

El Gurí (no original) é uma produção simples, mas bela. Conta com uma boa direção de fotografia, mas peca em sua trilha sonora, que parece não saber muito bem o que quer. Em alguns momentos, exagera na melancolia. Em outros, parece parte de uma comédia.

Filme visto no 5º Festival Internacional Cineramabc, em junho de 2015.