Acho que o grande êxito do filme, que aliás se confunde com toda a filmografia de Leos Carax, é a imprevisibilidade. A história não faz sentido todo tempo, tem coisas surreais, mas o diretor cria um mundo praticamente novo, tão diferente do habitual que estamos acostumados, que aceitamos tudo que acontece ali. O anti-heroi desse "Sangue Ruim", por exemplo, é inconsequente pra caramba, mas, ao mesmo tempo, acreditamos no turbilhão de sentimento que ele sente, por Anna, por Lisa... Aliás, sempre bom ver Delpy, Lavant e Binoche novinhos, mas já arrasando, mostrando que nasceram pra atuar mesmo.
Esse filme tem cenas que são meio icônicas. Poucas vezes me senti tão aterrorizado vendo um filme como na cena do salto... e o que falar da cena da corrida na rua (Mordern Love!), a cena da calçada quente, a cena do roubo, ou o final, avassalador... Grandes cenas dentro de um grande filme.