As questões da "falta de privacidade", da "espetacularização da vida" e da "vigilância líquida" como pano de fundo são interessantes. Contudo, essas preposições são inseridas num roteiro completamente desorganizado, com vários núcleos, chamando para muitos conflitos e personagens, que parecem importantes a princípio, mas são dramaticamente desnecessários. Desses conflitos, alguns são solucionados rápido até demais, e outros ficam em aberto. A situação é semelhante com as personagens. As relações se desenvolvem repentinamente e, por consequência, não provocam identificação emocional nenhuma para com o espectador, como é o caso das interações entre a protagonista e o amigo Mercel - em torno do qual gira o momento mais "expressivo" do filme. Ademais, há a figura do criador do sistema que, do nada, cria confiança na garota para contar os segredos do "O Círculo". Ele surge de tal modo que parece ser alguém super relevante para o progresso da narrativa, no entanto, logo menos, some no meio da trama - o diretor e o roteirista simplesmente esquecem do cara.
Há ainda outros pontos que são instáveis no filme e merecem ser problematizados: por exemplo, a menina é tímida e insegura e do nada vira uma gênia... O motivo é um passeio repentino de caiaque pelo mar que acaba em acidente e uma conversa fugaz na "sala dos segredos"? Tudo bem, há motivos, porém não apresentam nenhuma consistência dramática e narrativa, são fatos que jogam no enredo apenas para mover a história....
É tão nebuloso que a apresentação do conflito não é o conflito, o desenvolvimento do conflito se torna o clímax, e o climax, na verdade, é o desfecho.