Interessante, mas comum
por Lucas SalgadoÍcone do movimento Dogma 95, Thomas Vinterberg se destacou com filmes como Festa de Família, Dogma do Amor e Querida Wendy. Em 2012, lançou seu mais cultuado longa: A Caça. Agora, chega aos cinemas com A Comunidade, em que volta a estudar a dinâmica de uma "família" ou grupo de pessoas, como no primeiro trabalho.
A Comunidade tem um roteiro bem executado e boas atuações, mas tem algo que irritaria muito os companheiros de Dogma do cineasta: é absolutamente ordinário. Estamos diante de uma boa trama, mas que como cinema oferece muito pouco.
Não se pode exigir de todo filme que ele seja revolucionário ou complexo em termos de linguagem, mas é difícil assistir um diretor tão talentoso assumindo uma direção no piloto automático. "Um filme de Thomas Vinterberg" pode ser visto na tela, no trailer e no cartaz do longa. Mas a assinatura do cineasta não está presente.
Em pleno anos 70, Erik (Ulrich Thomsen) e Anna (Trine Dyrholm) vivem com problemas financeiros. Com uma jovem filha, eles não possuem dinheiro o suficiente para continuarem vivendo numa área nobre de Copenhague. Eles, então, decidem montar uma comunidade, convidando amigos para morarem com eles, dividindo as despesas.
Após uma série de entrevistas, forma-se a tal comunidade, com vários casais morando no lugar. Eles realizam jantares, encontros e festas. Aos poucos, este clima de completa liberdade vai interferindo no dia a dia dos habitantes. E um caso amoroso vai devolvê-los à realidade.
Como muitas produções nórdicas, A Comunidade centra sua atenção em personagens e famílias frias e ao mesmo tempo desconexas. Neste sentido, é difícil se entregar às pessoas vistas em cena. São papéis sem carisma e até mesmo superficiais.
A atmosfera é interessante. O conteúdo nem tanto.