Um Estado de Liberdade
Críticas AdoroCinema
2,5
Regular
Um Estado de Liberdade

Temas em profusão

por Lucas Salgado

Cerca de 150 anos após a abolição nos Estados Unidos, a escravatura segue como um tema muito explorado no cinema hollywoodiano. Um dos filmes mais comentados de 2016, O Nascimento de uma Nação trata sobre isso, mostrando uma perspectiva diferente, mostrando a revolta pelos olhos dos escravos. Assim como Um Estado de Liberdade, que segue um caminho mais convencional, apresentando o olhar do homem branco que "cura" a escravidão.

Baseado em uma história real, o filme conta a história de Newton Knight (Matthew McConaughey), um fazendeiro do sul dos EUA, que não se sente representado pela Confederação e abandona o exército em meio a Guerra Civil americana. Ele passa a proteger famílias de sua região, mas acaba sendo obrigado a fugir para um pântano, onde passa a conviver com escravos que fugiram e com desertores do exército. Eles acabam formando uma comunidade e, com o passado de tempo, passam a enfrentar os confederados e lutar por ideais como liberdade e igualdade.

A premissa é interessante, apresentando momentos de drama, ação e até romance ao investir na relação entre Knight e a escrava Rachel (Gugu Mbatha-Raw). Um Estado de Liberdade peca ao tentar abraçar o mundo. Ao invés de focar em uma história específica, busca ser um épico sobre toda a luta contra o racismo e a escravidão, o que não funciona.

Além de boa parte do período da Guerra Civil, o filme aborda a libertação dos escravos, o início do direito a voto, o surgimento da Ku Klux Klan e vem até os anos 1950 e 60, quando o casamento interracial ainda era proibido em alguns estados norte-americanos. São vários longas em um só. A vontade de abordar tantos temas acaba deixando a produção sem ritmo e com uma duração exagerada de139 minutos.

Conhecido pelo trabalho em Pleasantville - A Vida em Preto e Branco, Alma de HeróiJogos Vorazes, o diretor Gary Ross entrega um trabalho que não é nada além de ordinário. Conta com alguns momentos interessantes, mas é ineficiente na maioria de suas abordagens.

O elenco traz ainda Mahershala AliKeri Russell, mas o destaque é mesmo McConaughey. O ator se entrega ao personagem e não decepciona nas cenas mais dramáticas. Ele também tem carisma o suficiente para assumir a função de herói ou líder revolucionário.

Um dos principais méritos da produção é conseguir ser atual em seus debates e discussões. O que diz mais sobre o tempo em que vivemos do que sobre o filme em si.

Filme visto na 40ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em novembro de 2016.

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